sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Só eu nao estou preocupado com o monstro?


Cinco minutos de Cloverfield! E é arrasador, e querem saber mais? Não ligo a mínima pro fato do monstro ainda não dar as caras, porque só o clima de desespero das imagens é maravilhoso.

A volta de Lost

Sim, você viu uma imagem de Charlie. Será que o cara mais chato da ilha, que custou a morrer, e, quando morreu deixou muita gente com olhos marejados e beicinho, vai voltar? Os produtores garantiram que não (ufa!), então, vai ver que ele volta só como flashback da Claire (a outra chata).

O trailer não mostra muito, pra variar. Apenas umas bolas amarelas curiosas, outro símbolo da Dharma e o famigerado Charlie. Ah, pelo que eu vi comentando em outros blogs, o número seis aparece (não me pergunte onde), e serve para indicar o número exato de pessoas que vão deixar a ilha. Já se sabe quem são, mas é óbvio que eu não vou olhar né?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Idiotas e TV a Cabo

Qual é o problema com as pessoas? Sério, o que está acontecendo? Vejo um monte de gente falando no meio onde eu trabalho: “O cinema nacional precisa de mais incentivos, o audiovisual precisa cair no gosto do povo” e blábláblá. Como sempre esse tipo de frase é igual teoria sobre como a seleção brasileira deveria jogar, até a tia Cotinha tem uma idéia.

Qualquer imbecil formula uma idéia sobre porque o audiovisual nacional não cai no gosto do povo. E como, pra resolver esse problema, deveriam ser criados mecanismos específicos. A lei Rouanet e a Lei do Audiovisual já são malhadas até não poder mais. É claro que elas não são perfeitas, aqui no Brasil nada é. Mas, poxa, é um começo. Não precisa ser nenhum perito pra olhar para trás, nos últimos quinze anos, e ver o tanto que a produção audiovisual aumentou. Se o conteúdo em geral é bom é uma outra questão. Eu pelo menos sou do tipo de opinião que é dando a cara a tapa que se aprende a fazer, então, o natural é que quando a coisa está engatinhando os resultados não sejam os melhores. O problema é que tem sempre os idiotas do tipo: “Não assisto filme nacional nem fudendo!”. Problema seu tiozão (são sempre tiozões). Tem também o tipo que sempre compara os seriados nacionais, super escassos, com os americanos.

Nessas horas eu me pergunto: “Será que esse imbecil já esteve próximo de um orçamento de um filme ou seriado?”. Porque eu já. E mais, será que essas pessoas já pararam pra pensar na dificuldade que é pra tentar vender um seriado pra um canal por assinatura? Porque funciona mais ou menos assim meus amigos: um seriado como Friends, digamos, tem um orçamento de 10 milhões por episódio (deve ser até mais, estou chutando). A grana é alta porque os cachês dos atores são imensos, no caso de atores que são famosos, como esses eram. Além do marketing, salários de produtores, roteiristas, equipe técnica, etc.

Uma emissora americana financia numa boa esse orçamento. Se for um seriado de sucesso vai render uma nota preta com anunciantes, patrocinadores, produtos licenciados, vendas de DVD, etc. Aí, vem um canal como a Warner, que só retransmite o que os canais como a ABC produzem, e compra uma temporada de Friends para exibir e reprisar na América Latina ad infinitum.

E você acha que ela compra pelos mesmos 10 milhões o episódio? Nunquinha, é que agora que o seriado está pago pelas rendas com anunciantes, patrocinadores e o diabo a quatro, a ABC vai querer vender mais barato pra conseguir dar mais saída pro produto. Assim, vários canais compram as temporadas, bem mais barato, já que ela está saindo da Finlândia até o Marrocos. Até a Record exibiu Friends (foi a Record?), e vocês não acham que ela pagou 10 milhões por episódio, com uma temporada de 22 episódios cada, né?

Agora chegamos na questão que eu queria: há alguns dias veicula na TV a cabo uma propaganda insistente para que o projeto de lei nº 29 de 2007 não seja aprovado. A propaganda é veiculada pela ABTA, Associação Brasileira de Televisão por Assinatura. O mote da campanha é a preservação do seu direito de escolha, já que o projeto de lei em questão visa a obrigatoriedade de uma cota de programas nacionais em canais estrangeiros. A cota é de 10% em canais estrangeiros, sendo que 50% dos canais dos pacotes tem que ser nacionais.

A ABTA diz que isso é um abuso e que vai tolher nosso direito de escolha. Como assim? De repente eu vejo que tem um canal chamado “TV Frevo” no meu pacote e aí vou ser obrigado a assisti-lo? Eu não sei se a ABTA sabe, mas, no meu pacote da SKY tem um monte de porcarias que eu nunca assisti, não necessariamente nacionais. Acredito que 70% do meu pacote da Sky não tem nada que eu assista. Pergunta se eu tenho a ‘liberdade’ de me livrar desses canais para enxugar meu pacote? Claro que não.

O que me assusta é como as pessoas são idiotas. A campanha da ABTA é tão somente para privá-la de comprar material nacional, que não é revendido e sim produzido. Ou seja, ela não vai mais poder comprar seriados reprisados dos EUA a preço de banana, em troca ela vai ter que comprar de produtoras nacionais, saindo muito mais caro pra ela. Agora, se vai sair mais caro pra ela eu não sei, e, francamente, não é problema meu. Tem, é lógico, aquela desculpinha sempre “ah, mas aí eles vão acabar aumentando o valor dos pacotes”. E é lógico que eles vão fazer isso, sempre que aumenta o custo esse aumento é repassado para os consumidores. Mas isso não é desculpa, você não pode impedir que a produção do audiovisual avance só pra poder preservar o balanço de algumas empresas, isso é uma lógica destorcida. Se aumentou meu filho, ou você cancela ou negocia com sua fornecedora de TV por assinatura.

Além do mais, 10% da programação dá 2 horas e 24 minutos! Se fosse programação contínua, e não é, tem comerciais. Sendo assim, as emissoras vão ter que investir em duas horas diárias de programação nacional. Se ela comprar um pacote de animações em flash feitas pelo estúdio Zé das Couves, pra exibir as três da matina, quanto você acha que isso vai custar? E não me venha com esse papinho de que a qualidade vai cair. Você já viu a qualidade das legendas do seu canal por assinatura ultimamente? A qualidade dos comerciais e das vinhetas? Já viu, pra resumir, a qualidade da Fox? Estou falando isso só pra mostrar que qualidade não é exatamente o topo da lista de prioridades da TV a Cabo.

E além do mais, as pessoas já vão fazendo previsões como se os produtos nacionais que as emissores serão obrigadas a comprar sejam novelas e outras porcarias nacionais. Depois eu é que sou antipatriota, os idiotas acham que só se produz merda por aqui e fica por isso mesmo. Como eu trabalho numa empresa de animação eu sei, por experiência própria, que idéias nós temos aos montes. E das boas. Só precisamos de espaço e chances iguais, sem precisar competir com um canal que compra séries de animação no quilo, de empresas americanas que, por sua vez, terceirizam animação em países como a China ou Índia, por 0,08 centavos o minuto.

Só sei que é no mínimo uma falácia, essa campanha da ABTA. E tem um monte de gente que apóia, em dois blogs que eu considero muito, por exemplo, houve manifestações de apoio. Num deles, especializado em cinema, fala-se muito em cinema nacional e quais as soluções para nosso audiovisual. E quando aparece uma lei pra começar a ajudar, eles criticam, porque vão deixar de ‘escolher’ o que assistir. Eles estão precisando me dar o telefone da operadora de TV a Cabo deles, porque, na minha, eu não consigo escolher nada neste momento. É mais uma prova de que o marketing funciona mesmo, ainda que seja imbecil. É prova também que as pessoas acreditam em tudo que assistem na TV. Talvez as TVs estejam certas, ninguém vai ter escolha mesmo, elas já não tem agora, ninguém pensa mais se não tiver uma campanha de marketing pra ajudar.

A campanha da ABTA.

Uma opinião brilhante, na minha opinião, sobre o assunto.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Speed Racer - Trailer

Eu já tinha gostado, e muito, das imagens publicadas antes. Apesar delas suscitarem uma certa estranheza eu estou colocando todas as minhas fichas nesse filme. Parece que os irmão Wachowski realmente conseguiram fazer um desenho animado de carne-e-osso. Estou morto de curiosidade para conferir a tecnologia que eles disseram usar nesse filme, que tem a capacidade de deixar tudo no enquadramento em foco. Igualzinho nos desenhos animados, a princípio. As cores, o cenário, tudo parece estar deslumbrante, mal posso esperar pra ver.




Arquivo em alta no Omelete.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Extermínio 2



Extermínio 2, também conhecido como 28 Weeks Later, narra a história dos primeiros britânicos de volta a Londres, seis meses depois da primeira infecção. O vírus, mostrado no filme anterior, transformava imediatamente pessoas em zumbis loucos por carne humana. Cinco semanas após a evacuação de e isolamento da Inglaterra, os monstrengos morreram de fome. Algum tempo depois o exército americano, obviamente, entra na cidade e começa a reestruturá-la. Seis meses depois os britânicos que sobreviveram a primeira infecção começam a retornar, em clima de lei militar.

Você deve ter reparado que eu disse sempre ‘primeira infecção’, porque, obviamente, o vírus volta a atacar. Não faria o menor sentido uma continuação do primeiro filme se isso não acontecesse. E a continuação é até interessante, mantém o mesmo clima sombrio e de destruição do seu predecessor. Com a diferença que em Extermínio a destruição é sempre mais visceral do que nos filmes americanos. Nestes, o enfoque acaba sendo nas paisagens digitais e explosões faraônicas.

O problema é que Extermínio 2 peca exatamente onde o outro acertava. Quer dizer, não sei se acerto seria a palavra correta. No primeiro filme as pessoas se transformavam em animais violentos quase que imediatamente depois do contato com um infectado. Parece inverossímil, e de fato é, mas se você vai acreditar em todo o resto, what the hell! A questão é que essa velocidade de contração da doença tornava o filme muito interessante, criando situações estressantes para os personagens principais.

O segundo filme mantém a mesma velocidade de contaminação, mas, não faz um bom uso dela. Quando vários sobreviventes estão enclausurados e um infectado começa a os atacar, os militares tomam a ‘sábia’ decisão de matar todos. Se o vírus se espalha tão rapidamente assim, seria óbvio que o correto a fazer era esperar que os infectados se manifestassem, separá-los dos outros e manter os sobreviventes. Fazendo exatamente o contrário o filme desperta um sentimento de artificialidade, como se os roteiristas tomassem uma decisão criativa única e exclusivamente para manter a história funcionando. Agora, os personagens centrais da trama, um menino de 12 anos e sua irmão de 16, além de enfrentarem os infectados, tem que enfrentar também o exército americano jogando napalm em suas cabeças.

A história dá um passo a mais ao introduzir um personagem que parece ter a capacidade de não apresentar os sintomas do vírus, mas apenas carregá-lo em sua corrente sanguínea. Ao que parece, essa é uma franquia que ainda verá alguns outros descendentes.

Project Direct

Acabou o concurso promovido pelo Youtube, Project Direct, que escolheria um curta-metragem amador de várias partes do mundo. O resultado foi impressionante, pelo menos pra mim. Uma brasileira ganhou, e seu prêmio é ter o direito de ir a um festival internacional de filmes (imagino que seja o Sundance, mas não tenho certeza) e ter reuniões e encontros com produtores da Fox Searchlight Pictures. O impressionante não é uma brasileira ter ganhado, o impressionante é que o filme dela é horrível.

Existiam três condições no projeto: 1. O personagem principal precisaria enfrentar uma situação além do seu nível de maturidade, 2. Alguém no filme precisaria dizer a frase "I demand an explanation for these shenanigans! What do you have to say?" e 3. Em determinado momento do filme um personagem precisaria passar uma foto a outro. Além disso o filme deveria ter de 3 a 7 minutos.

Laços conta a história de uma garota emo e um garoto emo que quer de todo o jeito que ela lhe faça um laço na gravata. E, olha, é difícil aguentar o 6 minutos e poucos desse filme. Qual é o problema com os atores amadores brasileiros? Todos precisam ser ruins? Eu sei que o filme era amador, mas, My Name is Lisa, que ficou com um terceiro inexplicável lugar, também era amador. E a garotinha que vive Lisa dá um banho nos dois atores de Laço juntos. Além do mais, em Laços você percebe no que aquela pataquada toda vai dar antes mesmo do fim, mas a diretora insiste em cenas longas, tornando tudo aquilo muito tedioso de assistir.

Confira Laços.




E agora Confira Gone in a Flash, o segundo lugar, de alguém que tem pelo menos noçoes de fotografia.




E agora, My Name is Lisa, meu preferido entre os três. De alguém que tem noções de como se contar uma história.



Essa vitória só pode ser explicada por massivas votações da família da diretora.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Minha Amada Imortal

Inexplicavelmente tenho lembrado muito desse filme ultimamente. Só o assisti uma vez quando era bem novo, em vídeo. Mas existe uma cena nele que nunca fui capaz de esquecer, é a cena triunfante do filme. Sabe quando as pessoas perguntam suas cenas favoritas dos filmes, coisas assim? Essa aparece naturalmente na minha mente, sem esforço algum. Gostaria muito de dizer que passagens em Cidadão Kane ou Persona, do Bergman, fossem minhas cenas preferidas. Mas não são. Essa é. Eu acho muito interessante que um filme marque uma pessoa assim, é óbvio que é uma cena grandiosa, feita para atingir esse objetivo, mas mesmo assim, existem muitas dessas no cinema, e essa me marca particularmente. E olha que eu era bem novo, devia ter uns 14, no máximo, quando assisti esse filme.

A cena em questão é quando Beethoven ouve, pela primeira vez, um concerto com a nona sinfonia. Em montagem paralela, vemos cenas de sua infância, com seu pai abusivo. Cansado de tanto apanhar, o jovem Beethoven foge pela janela e corre por uma floresta tomada pelas trevas da noite. Entra num lago que espelha o céu acima dele. A câmera sobe e nos dá a impressão que o menino está subindo aos céus, enquanto ouvimos a magnífica nona sinfonia de Beethoven. Beethoven nada no cosmos. Nunca um menino esteve tão só e tão próximo do infinito. Isso sim é cinema.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Planeta Terror


Planeta Terror é a primeira parte de Grindhouse, dobradinha de médias-metragens feitos por Robert Rodriguez e Quentin Tarantino. Grindhouse eram sessões costumeiras nas décadas passadas, nos EUA. Dois filme de terror do tipo z eram exibidos para platéias pouco exigentes.

No Brasil - também conhecido como Jaculândia - a distribuidora dos filmes resolveu não apostar na recriação dos Grindhouses. Veremos os filmes separadaos mesmo, isso porque eles foram lançados juntos em Abril nos EUA, e já saíram em DVD por lá.

Anyway, quem não assistir esse filme imbuído do maior dos espíritos de galhofa vai se dar muito mal. E é um filme divertidíssimo viu, Robert Rodriguez acertou a mão em cheio, recriando o espírito de um filme de terror B. A história é simples: uma cidade sofre um atentado de zumbis carniceiros, que foram criados a partir de um gás de uso militar. A esperança reside em apenas alguns, que são imunes ao tal gás e desejam a todo custo fugir dos monstros. No meio disso tudo você pode ver sangue jorrando aos montes, rostos deformados, ranhuras na película do filme, mulheres sensuais se exibindo, armas poderosas sendo disparadas, etc. A vontade do diretor de fazer o público sentir a experiência de filmes B é tamanha, que ele finge que um dos rolos se perdeu, e ficamos sem saber alguns detalhes da trama. Exatamente como as platéias de antigamente, em cinemas pouco organizados e meticulosos.

Dois pontos negativos: não acho que o casal principal da trama tenha química suficiente para convencer como casal, e, não gostei de Freddy Rodríguez como El Wray, acho que ele também não é gabaritado suficientemente para ser o herói estereotipado que um filme como esse pede. Já Rose McGowan convence como a striper com perna de metralhadora que ilustra o pôster. E Marley Shelton é ótima como a Dra. Dakota, com suas mãos adormecidas na maior parte do tempo. Detalhes para as participações de Quentin Tarantino como um soldado tarado e Fergie, do The Black Eyed Peas, como uma motorista que é devorada pelos zumbis.

A Lenda de Beowulf


Filmes como a Lenda de Beowulf sempre despertam aquelas discussões intermináveis, será que um dia a animação vai substituir atores de verdade? Obviamente que não, respondem todos em coro. Mas, por que não?

Minhas opiniões são mais filistéias, eu acredito que a possibilidade de computação gráfica substituir atores é grande, mas num futuro mais distante. Acredito também que a maioria das pessoas pensa que o 3D vai ser usado como uma ferramenta e não como peça central porque acreditam que nós, os humanos, somos insubstituíveis. Não sei não, isso me parece falso.

A maioria alega que os ‘bonecos’ 3D não têm brilho nos olhos, a boca não se move adequadamente quando falam, etc. Estão certos, pelo menos por enquanto. Mas daqui uns 15 ou 20 anos acho que essa situação vai mudar muito, e não vai ter ninguém que saiba diferenciar um de outro.

É claro que uma produção assim custa muito tempo e dinheiro. Não é nada viável fazer um filme do tipo “ela morava só em um apartamento com seu cachorro” em 3D. Demoraria horrores, um tempo mais do que suficiente pra filmar em carne e osso, editar, fazer marketing, distribuir e sair em DVD.

Mas mesmo assim acho que é viável em muitos casos, e daqui um tempo, se a tecnologia permitir uma diminuição no tempo de produção, vai ser o futuro. A maior parte do orçamento de um filme com gente famosa em Hollywood é com cachês. A maior parte mesmo. Um filme com Julia Roberts, Tom Cruise e Brad Pitt juntos deve custar uns 3 bilhões de dólares, mesmo que seja a história de três pessoas confinadas numa caixa de papelão. E isso pra ter que aturar coisas do tipo: “Quero um camarim com m&ms só vermelhos!”, “Não fale comigo durante a filmagem inteira, me desconcentra”, “ Faz o meu pipi ser maior”, etc, etc. É por essas e outras que eu acho que os ‘bonecos’ são o futuro, eles são o autêntico gado do Hitchcock.

É claro que eu também acho que 3D muito realista apresenta problemas para a linguagem dos desenhos animados. Mas não no caso de Beowulf, pois a proposta dele é justamente essa. Acho mais preocupante em desenhos animados propriamente ditos, onde existe uma preocupação extremamente realista com texturas e movimentos, paralelamente a linguagem exagerada dos desenhos.

Mas e quanto ao filme propriamente dito?

Eu gostei de A Lenda de Beowulf. É uma aventura maravilhosamente ambientada e contada. A direção de Robert Zemeckis erra a mão um pouco, em ambiente 3D não existem limites para a câmera, e isso é um pouco preocupante. Se o diretor não se cuidar o filme pode parecer uma apresentação de maquete eletrônica, onde a câmera dança o tempo todo pela tela. Zemeckis perde pontos nesse quesito, a minha tensão durante o filme era esperar que ele enfiasse a câmera pelo buraco de alguma narina só para fazer com que ela saísse pelo outro. Mas no geral sua câmera é bacana, ele cria imagens e movimentos muito bonitos. Aliás, ele é fã de pequenas trucagens há muito tempo, em Contato, por exemplo, eu me lembro sempre da cena onde a pequena Ellie corre ao armarinho de remédios para ajudar o pai. Portanto, esse é um solo seguro para Zemeckis, eu só podaria o excesso de movimentos grandes de câmera. Ah, eu também cortaria um monte de objetos que quando caem descrevem rodopios intermináveis no ar.

Quanto ao roteiro de Neil Gaiman (Ave!) e Roger Avary eu diria que é eficiente. A interrupção da narrativa logo no início, pelo próprio Beowulf para narrar um flashback, parece cortar o fluxo da história ao meio. Mas a história narrada se mostra importantíssima para entendermos a personalidade do herói, e dos eventos que se desenrolarão. Eu só acho que o personagem de John Malkovich é mal aproveitado pela história, fazendo uma oposição muito pobre ao herói. Fora isso, Beowulf é composto excepcionalmente, ele emerge como um herói falho e vaidoso, mas que demonstra toda a bravura que as canções dos bardos lhe atribuem.