sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Heroes, amor ou ódio?

Atenção: Esse post pode conter Spoilers, ou não! (este é um blog cheio de suspense)

Alguém pode me explicar o que anda acontecendo com Heroes? Nunca odiei tanto e amei tanto um seriado. Do episódio oito ao nove eu vibrei, ignorei completamente os furos no roteiro, os constantes resets da história e os personagens agindo aleatoriamente. Até disse pra mim mesmo ‘e pensar que quase desisti de ver esse seriado maravilhoso’. Ledo engano, ledo engano. A verdade é que Heroes é uma bosta mesmo, tenho que admitir.

Os personagens parecem agir como pessoas em um jogo de RPG, uma parada de dados decide o que eles vão fazer. Os roteiristas definitivamente não conhecem o conceito de coerência, ou, são todos esquizofrênicos. Na primeira temporada o Peter só queria saber de descobrir seus poderes, cismava por tudo quanto era santo que podia voar. E agora? Agora que ele descobre que é praticamente um semi-deus, o cara, repentinamente, quer ser normal! O Mohinder queria acabar com a Companhia que supostamente tinha matado seu pai, mas, atualmente, ele trabalha com eles! Como ele mudou de idéia? Simples, um belo dia quando a menininha mais chata do mundo, chamada Molly, resolveu entrar em coma, o Mohinder concluiu com toda a astúcia que lhe é pertinente, que o melhor lugar para levá-la seria a Companhia. Brilhante! Ele deve ter tirado esse diploma de geneticista dele na Faculdade São José dos Capins, aqui pelo Brasil mesmo.

Lembram-se que alguém queria explodir Nova York na primeira temporada? Supostamente pra levar o Nathan a presidência dos EUA? Pois é, ninguém fala mais nisso. Agora a modinha é falar do vírus. Como diria the Beast, minha Santa Aquerupita!

Outra coisa que me incomoda muito: os heróis do título são relutantemente heróis. Os desgraçados ficam choramingando pelos cantos pelo fato de terem poderes. É por isso que eu vou dizer algo que eu nunca pensei que diria: a minha parte favorita até agora é a do moleque que fala com máquinas e sua priminha que copia tudo que vê. Eles são os autênticos Heroes da história. Além do mais, os poderes dos personagens são usados apenas quando conveniente. O Peter vai, no décimo episódio, numa casa de uma certa pessoa. Ele vai com o Adam, só que a tal pessoa diz que o Adam é um fdp e não dá a informação que o Peter quer. Se você pudesse ler mentes o que você faria? Arrancaria a informação da perua, certo? É o que ele faz. Agora um momentinho da sua atenção, atente para um problema. O Adam é realmente um fdp, só que ele ‘esconde’ isso do Peter. Como? Não faço a menor idéia, nem me passa pela cabeça como alguém esconde algum segredo de um cara que lê pensamentos. Mas a resposta deve ser do tipo: “ah ele faz isso pra dar certo a história”. Igualzinho eu fazia em química na escola.

Obrigado por Fumar

Reza a lenda que um dos pontos de virada da filosofia ocidental foi quando Sócrates começou a fazer oposição aos sofistas. Estes últimos eram uma classe de filósofos que se dedicavam a retórica pura e simples, concentravam-se em vencer uma discussão. Para Sócrates e seus pupilos posteriores (Platão seguido de Aristóteles), esse, entretanto, não era o ponto central da filosofia. A filosofia deveria se concentrar em desvelar a verdade, a argumentação era apenas uma das ferramentas que possibilitaria esse ofício.

Nick Taylor (Aaron Eckhart) é um sofista por natureza. Ele seria capaz de vender um casaco de pele a uma ativista do PETA, num jantar, devorando um assado de javali. Depois ele a convenceria a dar uma surra num saco cheio de gatinhos. Você entendeu. Ele é o cara ideal para a indústria de cigarros, portanto. Trabalha no que ele chama de ‘reinterpretação de Dados’, ou seja, um ponto de vista não tão ortodoxo sobre a indústria do fumo, a favor dessa própria indústria.

E se você achou que a aproximação de um porta-voz da indústria de cigarros com a distinção histórico-filosófica entre sofista e filósofos foi extremamente arbitrária, é só assistir Obrigado por Fumar que você entenderá. Nesse filme todo mundo é um sofista, e, perceba, até os sofistas acertam de vez em quando.

O diretor Jason Reitman, o novo queridinho da indústria pop-independente do cinema americano, demonstra em seu filme que a ênfase na articulação retórica está nos dois lados da questão. De um lado, o dark side por assim dizer, a indústria do tabaco apresenta uma retórica inabalável, calcada no ‘direito de escolha’ e ‘no livre pensamento’. E obviamente não escapa de erros também. Quando, por exemplo, Nick está com seus amigos da Liga da Morte (formada pelos representantes das indústrias de armas e bebidas, juntamente com Nick), seu colega da indústria bélica alega: “Quando alguém morre de acidente de avião, você culpa a Boeing?”. O que obviamente é um erro, o avião é um veículo para voar e quando cai isso é uma aberração dentro dos parâmetros sob os quais ele foi construído, um acidente. Já as armas quando matam estão pura e simplesmente executando aquilo para que foram desenhadas. A reinterpretação dos dados, ou distorções falaciosas são o Santo Graal para Nick, entretanto. Quando ele conversa com o filho diz: “Quando você argumenta não precisa estar certo”. O que, a bem da verdade, está correto. Uma argumentação pode ser coerente sem se aproximar da verdade. É isso precisamente que faz de Nick um sofista, o que ele faz é substituir a venda de cigarros por uma venda de argumentos coerentes, porém falsos.

Do outro lado o senador Otorlan Finistirre (William H. Macy, ótimo pra variar) inicia uma guerra contra o cigarro. E deste lado do front a situação em termos de argumentação não é muito melhor. O filme parece querer mostrar que quem se opõe, normalmente está tão acomodado em sua situação e considera suas ideologias tão naturais, que não precisa ter o trabalho de defendê-las. É por esse motivo que quando Nick pressiona seus opositores com suas falácias eles só conseguem exibir discursos lacunosos em tatibitate. Não estão preocupados em defender suas idéias porque passaram muito tempo contemplando-as como as mais corretas entre as idéias. O Senador Otorlan Finistirre é apenas um moralista disfarçado de libertador do povo, como mostra tão bem o final do filme. Sua estratégia é erigir leis tão óbvias que o povo estaria livre da tarefa tão penosa de pensar.

Usando a estratégia da relação pai-filho o diretor nos coloca na posição da criança. Assistimos Nick demonstrar todo o seu conhecimento da forma mais pedagógica possível, e ganhar a admiração do menino. E quase nos convencemos também que o cara é realmente um herói. Porque, afinal de contas, parece que naquela briga milenar os sofistas levaram a melhor, ninguém liga mais pra verdade, importa é quem conta a mentira mais bem contada.




Thank You For Smoking, 2005 - Dir. e roteiro: Jason Reitman - Com: Aaron Eckhart, Eric Haberman, Mary Jo Smith, William H. Macy, Cameron Bright, David Koechner, Kim Dickens, Robert Duvall, Katie Holmes.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

1408


Filmes do Stephen King, o que dizer sobre eles? Resumindo, acho tudo uma bosta, salvo quatro. O Iluminado (o original!), Conta Comigo, Carrie a Estranha, Um Sonho de Liberdade e A Espera de Um Milagre, nesta ordem. Estes estão salvos, já os outros...pfff.

1408 é interessante até o meio, o argumento do filme é cativante: um quarto maléfico que faz com que seus ocupantes cometam as maiores atrocidades contra si mesmos. Nada mais nada menos do que 56 pessoas morreram lá ao longo dos anos. Nada de fantasmas, espíritos, assassinos-seriais-que-tem-fetiches-por-máscaras, nada disso, só um quarto do cramunhão mesmo. Até aí tudo bem, mas lembre-se, é Stephen King, então, lá pelas tantas, vai ter umas paredes sangrando, algumas visões que deveriam ser perturbadoras mas não são e etc. As reviravoltas também são bem previsíveis.

E olha que eu geralmente adoro filmes que são todos confinados num único lugar (vide O Iluminado), isso normalmente força o roteirista e o diretor a extrair performances fantásticas. Normalmente, mas não é o caso aqui. O fato é que John Cusack é bonzinho, mas o máximo que ele consegue é dar uns gritinhos e fazer caras e bocas.



Resumindo: o filme dá um medinho no começo, existe uma cena onde John Cusack vê a si mesmo numa janela do outro lado da rua, isso é bem macabro. Mas o resto é bem lamentável.


Quase dei esse filme pro Dragon Skull resenhar, a sorte foi que ele assistiu Resident Evil 3 essa semana.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Telecine aberto

Sempre que os canais do Telecine estão liberados na Sky (na casa dos meus pais) eu vou dormir com dor-de-cabeça. Fico grudado na frente da televisão o dia inteiro, especialmente no Telecine Cult que é ótimo! O grande problema é que nesse feriadão a programação não estava lá grandes coisas. Os melhores filmes em exibição eu já tinha visto. Mas mesmo assim, aposto que vocês estão curiosíssimos para saber o que eu assisti, certo? Não? Bom, problema de vocês porque eu vou contar assim mesmo.

Miami Vice. Achei esse filme maravilhoso, fotografia sem igual. A questão é que eu já tinha assistido antes, mas, como não tinha opção melhor e eu queria morrer na frente da TV, eu vi de novo. As cores das luzes de fundo, fosforescentes, resgatam um pouquinho da breguice dos anos 80, lindo, absolutamente lindo. Ninguém filma em digital como Michael Mann.

Em seu Lugar. O segredo pra assistir esse tipo de filme é manter as expectativas lá embaixo, assistir domingo a noite ajuda também (o horário mais deprimente de toda semana). Cumprindo esses requisitos eu até que achei 'bonitinho'.

O Golpe Perfeito. Fotografia em vídeo nojenta. Horrorosa mesmo. Dá impressão de ser aquele tipo de filme feito pra TV com 10 dólares de orçamento. É impressionante, no entanto, que o elenco do filme seja expressivo, contando com a participação de Dustin Hoffman, Paul Giamatti, Rachel Weisz e Andy Garcia, entre outros. Weird, o diretor deve ter feito algum tipo de bruxaria pra essa galera participar de um filme de baixo orçamento.

007 Cassino Royale. O 007 proletário, e eu gostei. Sem aquelas frescuradas aristocráticas o 007 é bem mais humano e emocionante. Ele até se apaixona verdadeiramente! A sequência de perseguição com Parkour é de tirar o fôlego. Mas eu já tinha visto...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Mais animação Brasil!

Há algum tempo (bastante tempo, na verdade) um projeto de lei tramita na câmara dos deputados: tornar obrigatório a exibição de animações nas TVs brasileiras. E, obviamente, existe um lobby das emissoras de televisão para que o projeto não seja aprovado. O fato é que Rafael Terpins, criou uma petição online para os interessados ajudarem na aprovação do projeto. Quem quiser ver mais animações brazucas por aí é só assinar (garanto que não vão se arrepender).

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sobre séries e suspense

Uma coisa que sempre é dita em livros sobre roteiros, é a respeito do suspense, especialmente o thriller: o público tem que duvidar, por um minutinho que seja, que o herói não conseguirá concluir seus planos. E isso é muito difícil hoje em dia, qual foi o último filme que você viu e que realmente ficou em dúvida que o herói iria sair de uma enrascada daquelas? A gente quase sempre, especialmente em filmes, sabe que no final das contas tudo vai dar certo, o cara vai se safar, o vilão se ferrar e a mocinha fica com o mocinho. Nada contra isso, o problema é que quando você tem certeza que isso vai acontecer a coisa toda fica um pouco enfadonha.

Acredito que algumas séries estão dando uma refrescada nesse conceito. Pensei isso assistindo o episódio de semana passada de Prison Break. Me deixou grudado, eu estava deitado e me levantei de tensão, comecei a falar em voz alta "Vai Michael! Vai!". E isso porque eu sabia que tudo tinha uma grande chance de não dar certo. Poxa, já mataram a namorada do irmão dele na primeira temporada, mataram a namorada do Michael na terceira e estavam prestes a matar o sobrinho dele, ninguém está a salvo em Prison Break! E a sensação que isso passa é a melhor possível, você fica com as calças na mão assistindo os episódios, e, invariavalmente, o Michael se ferra.

"Não perca a cabeça, eu vou conseguir!"

Jack Bauer, o invencível, é outro que também falha as vezes. Só pra exemplificar a mulher dele morre no último minuto da primeira temporada, isso porque ele ficou as 24 horas inteiras tentando salvá-la. Ele também não conseguiu impedir a explosão de uma bomba nuclear.

Hollywood está precisando de umas aulinhas com o pessoal dos seriados.

"Agora é só pegar meu carro e dirigir! To prontinho!"

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Primeira vítima



Primeira vítima confirmada: 24 Horas vai atrasar a estréia da nova temporada. Depois de ter passado um tempinho na cadeia era quase um milagre Jack Bauer voltar sem atrasos, mas agora sim, fez-se a desgraça. Ainda não tem data para a estréia do programa, os produtores esperam pra ver como a greve dos roteiristas vai progredir (nada bem, eu aposto). Já anunciaram que House também deve começar a reprisar alguns episódios, seguido das paralizações de Prison Break e Grey's Anatomy. E aí eu levanto as mãos para os céus e digo: 'Would you kill me God? Please?'. Nessas horas começo a acreditar naquela história de arrebatamento, acho que sobramos galera, vocês e eu, no inferno e sem seriados.

Após uma naba na seleção de mestrado, problemas financeiros e vários problemas com minha máquina de escrever digital (vulgo computador), eu só tinha os seriados (ah, esqueci de mencionar, não tenho onde ver filmes ultimamente porque estou sem acesso ao dvd que pegava emprestado com minha amiga sempre, e que estragou). Acho que é isso... vou sentar e chorar.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Greve! Greve!


Finalmente aconteceu, a greve de roteiristas tão anunciada finalmente chegou em Hollywood. Acontece que nos EUA qualquer pessoa pra trabalhar no mercado audiovisual tem que pertencer a um sindicato. Roteiristas inclusive, e, o contrato que os sindicatos dos roteiristas tinham com as empresas venceu. Hora de renegociar salários, certo? O problema é que as empresas, como estúdios e canais de TV, não podem sair pegando qualquer mané pra tapar buraco. Então quem escreve os roteiros das novas produções? Ninguém.

Você já deve estar adivinhando o que isso vai acarretar né? Atrasos nas produções que estavam no início, inclusive seriados. Ótimo, muito bom. Espero que eles fiquem mais ricos. A última notícia que eu vi foi essa. Perfeito! Per-fei-to, Lost pode ir ao ar somente em 2009. Dessa vez não vai ter jeito, eu, que já estava contando os dias para a estréia da nova temporada, vou ser obrigado a realizar um antigo sonho: entrar numa câmara de suspensão (aquelas criogênicas). Vou ficar congelado um ano inteirinho, tenho essa vontade sempre que uma temporada de Lost termina, e finalmente vou realizar. Igualzinho o Cartman fez pra acabar com a ansiedade da espera do lançamento do Nintendo Wii. O bom, é que provavelmente deve sair mais barato que meu aluguel.


Vou ficar numa belezinha dessas por uma ano!Acho que vou ser vizinho
do irmão postico do David naquele filme horrível do Spilberg

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

É só juntar um DeLorean e já dá pra viajar no tempo

Para os nerds mais desocupados aplicados, agora já dá pra ter seu próprio capacitor de fluxo! Isso mesmo, a empresa Diamond Select Toys acaba de criar uma réplica do breguete criado pelo Dr. Emmett Brown.

Na minha opinião só vale a compra se for uma réplica mesmo, replicando inclusive as capacidades de viagem no tempo. Daí só bastava adicionar um DeLorean. O problema é que um DeLorean é um ingredientezinho difícil, porque, pelo que eu sei, a empresa não anda nem nunca andou bem das pernas. Nem um filme com a marca Spilberg/Zemecks conseguiu fazer o carrinho emplacar. Ele tem o design muito futurístico sabe. Nós ainda não estamos preparados pra ele, foi igual quando lançaram o Ford Ka.





Eu vou esperar, não tenho nem o box do De Volta para o Futuro ainda, shame on me, shame on me!


Dica by Omelete.