quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Spike Jonze com problemas


Parece que Spike Jonze está cortando um dobrado pra terminar seu último filme. Where the Wilds Thing Are encerrou as filmagens em 2005 e até agora nada. E ontem foi anunciada a data de estréia do longa: 2009. Não, melhor, Outubro de 2009!

Uma sessão de testes já foi realizada e o resultado foi desastroso. Algumas pessoas disseram que as criancinhas sairam chorando cântaros. A maioria das pessoas achou o filme meio dark demais. A Warner, obviamente, ficou puta e desceu das tamancas. Tanto, que na semana anterior a boataria foi grande, segundo alguns jornalistas Spike Jonze teria que refilmar praticamente o filme todo. Pode ser até que o vídeo que vazou duas semanas atrás tivesse algo a ver com isso (atualmente ele está indisponível na maioria dos sites, mas você pode conferir aqui, mas seja rápido!). Jonze já foi à público dizer que não se tratava de um excerto do filme, só uma filmagem de teste. O garotinho em cena nem é Max Records (outro coitado que anda sofrendo na mãos dos executivos que assistiram o filme). Mas pode ser que Jonze e sua equipe tenham vazado o vídeo para criar um buzz e, assim, ganhar credibilidade dos fãs e imprensa. Se foi isso, funcionou.

A Warner desmentiu a notícia de que teria dado ordens para refilmar tudo. Mas de qualquer maneira Spike Jonze não vai sair ileso dessa. Lançar em Outubro de 2009? Mais de três anos depois do término da filmagem? Isso tem nome, chama-se refilmagem. Nenhum filme live-action tem uma pós-produção tão longa assim.

O filme abordará um universo mágico criado por um menino mal-criado que vai para o quarto sem jantar. É baseado na série de livros de mesmo nome, do escritor norte-americano Maurice Sendak, famosíssima nos States. Os monstros que habitam o mundo de fantasia foram criados com a somatória de trajes especiamente desenhados para o filme e animações da face dos monstros. O que eu tenho a dizer? Mal posso esperar. E digo mais, por mim deixavam como está. Deixa o povo decidir se gosta ou não, poxa! Quero a versão que faz criança chorar!

Agora, o que me irrita mais é chamar um cara totalmente indie para fazer um filme infantil, e no final das contas não gostar do resultado. Por que chamaram o Spike Jonze então? Se fosse pra fazer mais um filminho infantil ruim (gênero que já sofre muito) chamassem a Tizuka Yamasaki!


Fonte aqui.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Oscar, o dia seguinte

Diablo Cody acorda com seu Oscar, esses dois devem ter tido uma noite e tanto.

Sangue Negro


Sangue Negro narra a história de Daniel Plainview, um ganancioso prospector que busca a qualquer custo conquistar cada vez mais poços de petróleo. Instalando-se numa pequena cidade com seu filho H.W., Daniel enfrentará a oposição de Eli Sunday, um jovem pastor que tem sua própria definição de ganância. Escrito e dirigido por Paul Thomas Anderson, como todos os seus outros filmes, Sangue Negro é mais uma obra-prima deste genial diretor.

A estruturação dos personagens é perfeita. A relação estabelecida no roteiro, entre Plainview e Sunday é, a primeira vista, de espelhamento. Quando se sentam pela primeira vez à mesa, pais e filhos conversam sobre a venda da propriedade dos Sunday. Nesse diálogo percebe-se claramente que quem controla aquela casa é Eli Sunday, de um lado temos um filho que exerce forte influência sobre o pai e de outro um pai que exerce forte influência sobre o filho. É como se Eli e Plainview fossem reflexos num espelho, um sendo o lado invertido do outro. Muito embora o centro da personalidade de ambos seja o poder e ambição.

No caso de Eli fica claro que sua influência na igreja e na comunidade é o que ele mais preza. E Plainview faz questão de, literalmente, jogá-lo na lama toda vez que pode, apenas para provar que é o mais poderoso da região. Sua conquista de poços de petróleo também não parece ser uma simples questão de dinheiro. Plainview quer o que o dinheiro proporciona, o poder. Só lhe interessa isso: poder, dessa forma, seu desejo de dominação territorial mostra-se praticamente animalesco.

Mas o personagem não é tão plano assim, e Daniel Day-Lewis não poderia representar melhor essas incoerências. Em determinado momento da trama Plainview revela seu desejo de se isolar do mundo, ele demonstra todo seu desprezo pela humanidade. Daniel não é capaz nem de estabelecer um relacionamento normal com outro ser humano. Quando descobre que uma criança está sendo maltratada Plainview dá presentes a ela, e a aborda de uma maneira brusca, assustando a menina. Nem um traço de sensibilidade ao lidar com uma criança.

O problema é que ele não parece tão capaz de se distanciar assim de todos. Tanto é que se conecta muito facilmente com seu recém aparecido irmão. Acredito que a questão de Plainview é que ele quer se relacionar com alguém que seja exatamente como ele, que seja uma espécie de clone seu. Quando seu filho deixa de representar essa possibilidade ele rapidamente aposta todas suas fichas em seu irmão. Um desenho perfeito de alguém que tem a ganância como o epicentro da vida, alguém que não consegue ver nada além de si mesmo no mundo.

Uma outra coisa curiosa que notei no filme foram as referências a 2001: Uma Odisséia o espaço. Tais como os primeiros segundos de tela preta com trilha sonora esquisitíssima, seqüência inicial longa sem diálogos e um dos plano finais do filme. Eu li em algum lugar que essas referências nada acrescentariam no filme, em termos narrativos, seriam apenas ‘homenagens’. Mas eu discordo.

Usando as referências de 2001, PTA traça um paralelo de Plainview com a história do homem narrada no filme de Kubrick. O personagem de Plainview, à medida que enriquece, deixa de ser humano. Ele faz o caminho inverso dos macacos em 2001. A aurora do homem não existe em Sangue Negro, ao contrário, a ganância pelo petróleo faz com que o personagem principal mergulhe cada vez mais na escuridão do desumano. Um dos planos finais o prova. Quando Daniel Day-Lewis, encurvado como um macaco, usa um pino de boliche como arma, num enquadramento similar ao usado em 2001 na famosa cena do osso, ele completa seu ciclo evolutivo inverso. ‘I’m finished’ ele conclui.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


Tenho uma confissão a fazer: eu adoro as festas do Oscar. Eu sei que a maioria das pessoas diz que o Oscar não significa nada e blábláblá, mas mesmo assim eu gosto. Com algumas ressalvas. Por exemplo, normalmente eu acho os cenários e decorações do palco breguíssimos, os números musicais e as canções escolhidas raramente me agradam também, acho um porre.

Mas eu adoro toda aquela movimentação no tapete vermelho, confesso. E adoro as entrevistas antes do show começar, e também as piadinhas de palco, mea culpa, mea culpa. Só não dá pra aturar Rubens Edwald Filho e Chris Nicklas comentando todo e qualquer figurino. O que eu menos quero saber é das roupas. Ainda bem que na Sky dá pra tirar o áudio em português e ficar só com o inglês mesmo.

Muito embora eu estivesse torcendo por Sangue Negro, ainda assim foi uma boa cerimônia. Adorei os prêmios para Animação e Melhor atriz. O Ultimato Bourne ter papado três prêmios também foi ótimo (eu tinha certeza que aquela edição valia alguma coisa).

Coisa que quase ninguém gostou, mas eu sim, foi o prêmio de melhor efeitos visuais para A Bússola de Ouro. Francamente, Transformers é bacana e grandioso, mas os efeitos dele são todos com um blur imenso que não deixa você ver nada em detalhes nas cenas de ação. Piratas do Caribe só repete as mesmas coisas dos anteriores. Já em A Bússola de Ouro os efeitos visuais estão a serviço de um mundo totalmente novo. E aqueles ursos polares são maravilhosos, você esquece que eles são digitais, isso sim é um bom uso de efeitos visuais. Ainda que o filme seja um pouco aborrecido.

Como eu disse os prêmios musicais sempre são os mais chatos pra mim. Aquelas musiquinhas são todas muito irritantes. Mas confesso que a de Once foi menos pior do que as outras. Acho que encantada sofreu, apesar de ser do estilo favorito do Oscar, por ter três música concorrendo. Desse jeito elas acabam dividindo os votos e nenhuma delas leva o prêmio. Eu odiei O Som do Coração, e a música, apesar do apelo melodramático e de ter uma menina cantando, não valia o prêmio de qualquer maneira. Só foi chato terem interrompido Markéta Irglová em seu discurso de recebimento do prêmio, mas Jon Stewart foi cavalheiro o suficiente para chamá-la ao palco novamente.

Adorei a vitória de Tilda Swinton como melhor atriz coadjuvante, mesmo porque, das concorrentes, eu só tinha assistido a performance dela e da Ruby Dee. E, não sei, não acho que a Ruby Dee merecesse levar o careca pra casa só porque deu um bofetão no Denzel Washington. Tilda é uma atriz completa e muito diferente do padrãozinho Hollywood (ajuda o fato dela ser inglesa).

Também não creio que possa opinar muito no quesito roteiro original, pois, dos cinco indicados só vi três (faltou Lars and the Real Girl e A Família Savage). Mas eu acho o roteiro de Juno um pouco verborrágico, pra dizer a verdade. Mas não sei se nesse grupo ele levaria o meu voto, tenho que ver os outros dois. Mas a princípio eu daria para Ratatuille.

No caso de roteiro adaptado a minha situação é bem pior do que a de roteiro original, pois não vi três dos cinco. Mas claro está que essa era uma disputa exclusiva entre Sangue Negro e Onde os Fracos Não Tem Vez (doravante chamado OFNTV). Se bem que eu ouvi alguém dizer, não me lembro onde, que O Escafandro e a Borboleta teria chances, justamente porque não levaria mais nenhum outro prêmio pra casa. Mas como não assisti não sei. Eu já comentei que não gosto muito do tom pessimista de OFNTV e pensando muuuuito depois eu achei o filme um pouco arrogante. Mas o filme não é mal. O roteiro também não é ruim, quem sou eu para dizer isso. O fato é que eu preferia o roteiro de Sangue Negro, acho a estruturação dos personagens muito melhor, a história em última análise gira em torno dos personagens.

Quanto ao Oscar de melhor direção, por mim ele também ficaria com PTA. E aquela apatia toda dos Coen recebendo o prêmio só ajuda para que eu pense mais assim. Melhor filme eu já disse, meu voto iria para Sangue Negro ao invés de OFNTV.

Fora isso, as piadas do Jon Stewart também foram ok. No início da cerimônia foi mais interessante, mas depois perdeu o ritmo um pouco. Adorei a piadinha sobre os presidenciáveis: ‘Da última vez que a gente viu um presidente negro ou mulher, um asteróide estava vindo em direção a estátua da liberdade’. Agora, o ponto alto da noite pra mim foi de responsabilidade de Seth Rogen, de Ligeiramente Grávidos e Jonah Hill de Superbad!. A disputa entre os dois para ver quem se encaixava mais no perfil de Halle Berry foi hilário.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A Noite Americana

Nenhum filme é uma declaração de amor ao cinema tão escancarada e franca como A Noite Americana. Truffaut chega bem próximo do piegas em alguns momentos, mas tudo bem, o cinema também chega às vezes, e ninguém está reclamando. Afinal de contas um apaixonado sempre tende a exageros, e se uma única coisa pode ser dita de Truffaut é que ele era um eterno apaixonado pelo cinema. É um daqueles casos em que o cinema literalmente salva a vida de alguém.

O filme traça a história de Ferrand (vivido pelo próprio Truffaut), um diretor lutando a todo custo para terminar seu filme ‘Je vous presente Pamela’. Entre as muitas dificuldades que Ferrand enfrenta estão os problemas com os atores, entre as principais. Vão da imaturidade de um ator (Jean-Pierre Léaud) e suas paixões infantis, à instabilidade emocional de uma atriz inglesa (Jacqueline Bisset) até a morte de um dos principais nomes do elenco (Jean-Pierre Aumont).

O filme em si é uma aula de cinema. Podemos acompanhar todas as etapas da produção de um filme e parte da pós-produção, quando o diretor e a equipe assistem pedaços recém editados da obra. Uma coisa interessante a se notar é que Truffaut compôs um diretor que escreve o roteiro enquanto o filme já está em processo de produção, algo no mínimo raro, embora existam casos parecidos. Acredito que o diretor francês assim o fez para que o espectador pudesse apreciar também essa importante etapa do processo de criação de um filme, uma vez que toda a história se daria apenas na etapa de filmagem. Como excelente roteirista que era, Trufffaut não deixaria esse importante pedaço de fora de sua narrativa.

Uma outra forma de mostrar o amor e a dedicação sacerdotal ao cinema, é a forma como a própria equipe se relaciona com o cinema. Alphonse (Léaud) em qualquer folguinha diz que vai ao cinema. Em outro momento a equipe quase toda marca de ir ao cinema, mas a assistente de direção no último momento não pode ir, pois tem que ajudar o diretor. Enquanto está no quarto escrevendo o roteiro do dia seguinte, Ferrand confere no jornal o que está sendo exibido nos cinemas da cidade, concluindo que Godfather está arrasando. É uma equipe que preenche seu dia (e muitas vezes a noite também!) com cinema, horas e horas de filmagem, ensaios, construção de cenários e figurinos, e nas horas vagas o que eles fazem? Vão ao cinema. O cinema é, enfim, um trabalho do qual eles não querem descanso, não querem se ver livres e distantes dele.

Outra característica a se apreciar é a enxurrada de citações e referências a filmes clássicos que Truffaut salpica no longa. Dentre todas essas há uma cena memorável, onde Ferrand escuta parte da trilha composta para o filme por telefone, enquanto desembrulha um pacote de livros que comprara. Uma historiadora de Truffaut (cometi a indelicadeza de esquecer o nome dela), comentando sobre essa cena nos extras do DVD, salienta para o fato de que a trilha que Ferrand escuta ao telefone é originalmente de “Duas inglesas e o amor”, um filme de 1971 também de Truffaut. E como este último é uma história que, obviamente, fala sobre o amor, ao usar essa canção em A Noite Americana, na cena onde justamente serão mostrados em plano de detalhe a capa de vários livros sobre grandes diretores, fica mais do que clara a intensa paixão que Truffaut nutria pelos antigos mestres.

Aliás, dos egressos da Nouvelle Vague Truffaut parece ser o que mais se identifica com o cinema americano. Em seu livro, seminal, Hitchcock/Truffaut Entrevistas, essa identificação é muito transparente quando o diretor francês interroga Hitchcock a respeito dos filmes deste último. Truffaut é também o diretor francês do período Nouvelle Vague que é, de certa maneira, mais acessível para o grande público. Pegue alguém que se interesse por cinema minimamente, e o coloque para assistir Os Incompreendidos e Acossado, logo depois compare a opinião desta pessoa.

A Noite Americana ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1974 e concorreu no ano seguinte em mais três categorias (diretor, melhor atriz coadjuvante (Valentina Cortese) e melhor roteiro original. O nome se refere a uma técnica da fotografia que simula a noite, gravando as cenas durante o dia.

Trailer aqui. Já neste blog o autor faz uma comparação (quase inevitável) entre A Noite Americana e Perdas e Danos de Louis Malle, e além disso a alma caridosa teve a paciência de montar todas os pedaços de Je vouis presente Pamela neste vídeo.

O último prego no caixão

Pronto, agora é oficial: o HD DVD se junta ao Laser Disc e a fita cassete, bem como os disquetes, no paraíso das mídias extintas. A Universal e a Paramount/Dreamworks deram, ontem e hoje respectivamente, declarações de que vão migrar para o formato Blu-Ray. As duas eram as únicas que apoiaram o formato HD DVD com exclusividade. Ponto para o consumidor que não vai ter que possuir dois aparelhos distintos para assistir em um os filmes da Warner e em outro os filmes da Dreamworks.

Além disso os discos Blu-Ray comportam mais dados. Isso significa uma compressão melhor para os filmes (sem aqueles pixels nojentos aparecendo na tela toda vez que o fundo é preto) e mais possibilidades de extras melhores. Uhuu! Agora que vamos engordar cada vez mais os cofres da Sony é só esperar para os bichinhos baixarem de preço.

Vá em paz HD DVD, vá em paz. Tadinho, mal nasceu e já foi pro brejo.

Tanx Omelete.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Viva la revolución!

Clique aqui e acredite se quiser. Sim, Fidel Castro já foi ator, e na velha Hollywood (e sim, Hollywood fica nos EUA, a nação demoníaca). Estava lendo sobre a renúncia do barbudão e encontrei este post no Ilustrada no Cinema. Isso tudo me fez lembrar dos filmes que eu já assisti que se passam em Cuba.

Morango e Chocolate é um excelente longa vencedor de vários prêmios internacionais, e, mais importante, foi um dos primeiros filmes a vencer a barreira pós-revolução e atingir outros países. Aborda o relacionamento conflitante e opositor de dois jovens, David, um entusiasta da revolução e Diego, um homossexual que sofre constantes discriminações impostas por seu país. O filme mostra um pouco do cotidiano dos cubanos e não só questões política puramente. Foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro (!) e venceu o Urso de Ouro em Berlim. Recomendadíssimo.

Muito embora Antes do Anoitecer não tenha sido filmado em Cuba e seja quase todo falado em inglês, pode-se dizer que retrata bem o cotidiano do poeta cubano Reinaldo Arenas. O filme mostra a vida e obra do poeta e a repressão que sofreu por parte do regime cubano, por ser um artista de pensamento livre e homossexual. Javier Bardem é sempre sinal de boas interpretações, obviamente, e neste filme não é diferente. Ele foi indicado para vários prêmios, inclusive o Oscar, e recebeu o do Festival de Veneza. Johnny Depp está excelente como um travesti.

Buena Vista Social Club é uma escolha óbvia, eu sei. Mas o filme é maravilhoso em sua simplicidade. É tocante ver todos aqueles velhinhos com uma dedicação quase sacerdotal à música cubana. Quase todos vivendo uma vida muito simples e cheia de restrições, mas tudo isso desaparecendo quando sobem ao palco. Emocionante. Indicado ao Oscar de melhor documentário em 2000.

Surplus é um documentário sueco, somente parte dele é passado em Cuba, mas mesmo assim é muito interessante. Aborda questões do capitalismo e consumo, tudo isso com uma edição frenética e música eletrônica, um formato muito interessante. Uma das melhores cenas é a de uma jovem cubana falando de seu sonho de ir aos Estados Unidos e provar um Big Mac.

Alguém lembra de mais algum? Não vale Miami Vice!

Blu-Ray strikes back!

Acabei de ver no Omelete que o Blu-Ray ganhou a pendenga com o HD DVD. O golpe de misericórdia foi dado ontem quando a Toshiba disse ‘Estou fora dessa furada’. Enfraquecendo, dessa forma, o consórcio inicial do formato.

A Warner já havia anunciado que só lançaria discos em Blu-Ray, o formato, desde então, abocanhou 70% do mercado. Agora só falta a Universal e a Paramount/Dreamworks tirarem o pé da nossa janta. Afinal, foram eles que apoiaram com exclusividade o formato HD DVD, muito inferior ao Blu-Ray. O que o lobby não faz. Se bem que não tem do que eu reclamar agora, essas fofuras só vão abaixar o preço aqui na Jaculândia daqui uns 3 anos.

Pra quem não sabe o formato HD-DVD comporta 15 Gb de informação num disco simples. O formato Blu-Ray, em contrapartida, comporta 25 GB num disco igualmente simples (camada única e de mesmas dimensões de um dvd ou cd). Não tem nem o que comparar né? Mais informações aqui.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Filmes do Final de Semana

O Som do Coração

A princípio inicia-se como um Oliver Twist musical. Mas depois perde as características de um bom melodrama para ceder a cenas pobres. A única coisa que segura o filme são algumas atuações interessantes, Terrence Howard, como um assistente social engajado é brilhante em seu papel tão pequeno. Keri Russel também se sai suficientemente bem como a mãe de Evan. Já Freddie Highmore não se sai tão bem na pele de Eva Taylor/ August Rush, muito embora tenha gostado do seu jeitinho frágil em Em busca da Terra do Nunca, e também tenha achado que ele se saiu muito bem em Um bom Ano, Freddie não repete a mesma atuação aqui. Tanto é que é fácil roubar-lhe a cena, a garotinha negra na seqüência da igreja o prova facilmente. Mas nem Robin Williams está em sua melhor performance neste filme.

O Bebê de Rosemary

Como com qualquer clássico, nunca é demais assistir mais uma vez. Foi minha segunda, e desta vez pude apreciar melhor os aspectos dramatúrgicos. O casal principal (formado por Mia Farrow e John Cassavetes) é fenomenal e tem um química fantástica. Os velhinhos também são um show a parte e oferecem um interessante ponto de vista cômico sobre a história, tão densa e macabra. Mas além de tudo isso o que mais me chama atenção são os sonhos de Rosemary, seus pesadelos e alucinações. Não houve melhor década para pesadelos no cinema do que a década de 60, e dizem que as drogas não trazem benefícios...

Boas curiosidades sobre o filme aqui.

Mandando Bala

Tenho fases, e em algumas delas, por acaso, quero sempre assistir filmes de ação. Mas não sei se é porque não estou numa dessas fases que odiei esse filme. Talvez não. Talvez eu tenha odiado porque ele é ruim mesmo. A princípio simpatizo com o gênero: comédia com ação, especialmente quando eles não se levam a sério demais. Ponto para Mandando Bala, que não se leva a sério em nenhum minuto. Também não me incomoda falta de veracidade em cenas de ação, outro ponto para Mandando Bala, que atira as leis da física pela janela. O problema é que eu gosto de roteiro sabem? E não estou falando de grandes estruturas não, algo simples já ta bom. A impressão que me deu foi que Mandando Bala foi construído em cima de das seqüências de ação e a ‘história’ foi desenvolvida depois. Sendo assim, sempre que os personagens perseguidos (no caso Clive Owen, Monica Bellucci e um bebê) mudam de lugar, os bandidos que os perseguem aparecem momentos depois, sabe-se lá como, atirando aos borbotões. E o filme é basicamente isso: variações de seqüências de ação, variando os locais e as atividades do personagens (por exemplo: ‘Ah vamos fazer uma que eles estão transando no meio do tiroteio?’). Sem nada com o que trabalhar Paul Giamatti também foi resumido a um vilão que diz o texto e faz caretas. Pra piorar o placar o filme ainda assume um tom levemente moralista no final, aí não dá. Nesse gênero eu ainda fico com True Lies. Parafraseando Smith: Sabe o que eu odeio? Filmes com uma trilha sonora tão presente e tão forte que você não tem nem dois minutos sem música metal pra respirar.





quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Volte a ser criança por alguns segundos

Ok, minha lista de prioridades mudou radicalmente. Tive que alterar a lista que eu chamo carinhosamente de ‘Lista da Ansiedade’. O motivo está neste link, o trailer de Indiana Jones IV.

Só posso dizer que ao escutar a música e ver as imagens voltei a ser crianças por uns segundos. Nada como lembrar daquelas velhas Sessões da Tarde vendo Indiana Jones e A Última Cruzada pela enésima vez. Quem não se lembra do cara que tirava o coração das pessoas só com as mãos em Indiana Jones e o Templo da Perdição? Eu sei que essa cena me arrepiava pra caramba quando era criança.

E pelo visto vai ser a mesma coisa dos outros, cenas de ação hilárias e milaborantes, a personalidade magnética de Indy e uma aventura de tirar o fôlego. Que bom saber que Spilberg pode resetar seus filmes, fazer tudo de novo do mesmo jeito, mesmo depois de bobagens como A.I. e filmes excelentes e maduros como Munique. O menino dentro de mim agradece tio Spilberg.

E fala sério, não parece que a Cate Blanchett nasceu pra esse filme?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Kung Fu Panda


Para quem não sabe eu trabalho em uma empresa de animações (desenhos animados para os íntimos), e, muito embora não esteja diretamente envolvido na animação em si (só na produção e roteiro) eu gosto de acompanhar muito de perto todos os lançamentos da área. Sendo assim, nós aqui na Animassauro estamos obviamente de olho em Wall-E, Toy Story 3 e etc. E sempre que um filme desses estréia é praticamente feriado aqui na empresa. Mas se tem alguns filmes que não despertam tanta paixão há algum tempo são as animações da Dreamworks. A empresa vem decepcionando um pouco em suas produções e a Pixar, ao contrário, está arrasando cada vez mais em seus filmes. Ratatouille que o diga.

Entretanto um filminho da Dreamworks está captando minha atenção há um tempo. É o Kung Fu Panda. Em parte, admito, eu estava interessado pelo filme por causa do Jack Black que dubla o personagem principal. Adoro esse cara, que está envolvido em outro projeto que mal posso esperar pra ver também, dessa vez um live action, o famigerado Be Kind Rewind.

Mas hoje, ao ver o novo trailer de Kung Fu Panda, fiquei muito animado para conferir a história também. Dessa vez parece que personagens bem interessantes vão pintar pros lados da Dreamworks associados a uma boa animação (ao contrário de ‘Shrek 14’). Confira o trailer na dica do Omelete, com direito a trilha de Kill Bill.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Cloverfield - (subtítulo nacional ridículo que não vou colocar aqui)

Se você gostou de A Bruxa de Blair, como eu, você provavelmente adorará Cloverfield, mas se não gostou, então, bem, acho melhor ver outro filme. Saiba, no entanto, que Cloverfield é muitas vezes superior a Bruxa de Blair, bom no nível de criar dificuldades para que o espectador mantenha sua urina na bexiga. Não leve a sério, é entretenimento do princípio ao fim, sem cessar, literalmente(!).

A trama acompanha um grupo de amigos que organizam uma festa de despedida para Rob, que irá de mudança para o Japão, a terra dos monstros gigantes, para um novo emprego. Os tais amigos são surpreendidos por tremores de terra, barulhos ensurdecedores e explosões. Um gigantesco monstro está invadindo Nova Iorque.

O grande lance de Cloverfield é contrariar Hitchcock. O roteiro e o diretor adotam o ponto de vista dos personagens (literalmente, novamente), pois toda a trama é captada por uma filmadora caseira de um deles. Dessa forma os espectadores conhecem a real ameaça à medida que os personagens também a vivenciam. E nunca se pode esperar uma torrente de informações quando você está numa metrópole arrasada por um monstrão gigantesco nas últimas duas horas, certo? Por isso a palavra de ordem foi revelar ‘aos poucos’, algo em que J.J. Abrams (o produtor executivo do filme e da série Lost) é um irritante mestre. Traçado esse terreno só resta ao espectador torcer para que os personagens fiquem vivos depois de iniciados os ataques, e a cada escolha que fazem nós também estremecemos, porque nada é garantido quando se sabe pouco. Como fazer previsões se não temos um plano-geral da trama?

Diferentemente de Godzilla e sua contraparte americana (king Kong e derivados) o filme não se delicia em mostrar amplos planos da figura gigantesca em todos os seus detalhes. Quem está correndo de uma monstruosidade dessas preocupa-se menos com suas características estéticas do que com suas características destrutivas, geralmente.

As associações com o 11 de Setembro também foram bastante interessantes, me lembrei particularmente na cena da onda de poeira deixada pelo monstrão em sua destruição de prédios. Os americanos estão aprendendo com os japoneses a retratar sua própria história através de monstros gigantes.

Só me irrita que tudo quando é catástrofe tenha a estátua da liberdade como colateral. A coitada sempre toma uns sopapos, não importa se é um nevasca, furacões, onda magnética capaz de causar mutações ou um monstro gigante.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Onde os fracos não tem vez

Os irmãos Coen criam um maravilhoso western moderno, nesse favorito ao oscar de melhor filme em 2008. O filme, uma metáfora para a degradação moral atual, funciona também como uma saga de suspense, drama e comédia, enfim, tudo dos Coen está lá. Os personagens interioranos e caipiras também estão lá, assim como em Fargo, Gosto de Sangue, etc, etc.

A história segue Llewelyn (o excelente Josh Brolin), quando este acha um cenário de um massacre no que parecia ter sido uma negociação de drogas. Seguindo os rastros da destruição Llewelyn encontra mais um cadáver e uma maleta recheada de dinheiro. Ele volta para casa com o dinheiro, mas a noite é inquietado por um pensamento, algo que deixara de fazer. Movido por um gesto nobre ele volta ao local do massacre, mas, desta vez é surpreendido. É assim que a história tem início.

Os donos do dinheiro o querem de volta, obviamente, a todo custo, e para isso colocam o assassino chamado Chigurh atrás de Llewelyn. O assassino é vivido por Javier Barden, numa atuação mais do que perfeita. Tommy Lee Jones vive o xerife Ed Tom, que deseja a todo custo parar o assassino e sua trilha de sangue, e proteger Llewelyn.

A história se desenvolve a partir daí, ou, melhor dizendo, os personagens se desenvolvem daí. Não existem muitas explicações em termos de trama, como, por exemplo, a ligação entre os donos do dinheiro e Chigurh, já que não há nada implícito que os conecte. O filme também não oferece informações sobre a morte de um desses personagens, que acontece subitamente próximo do final. O paradeiro do dinheiro também perde importância no meio do caminho. A questão para os Coen é transformar os personagens em ensaios vivos da temática principal do filme: a violência. E acredito que também a ganância, ainda que essa segunda temática tenha menos importância. Vale lembrar no entanto, que bem no final, quando um dos personagens oferece dinheiro a um adolescente, em troca de uma camisa, o menino responde cordialmente que não pretendia receber dinheiro em troca de sua ajuda. Mas assim que dá as costas o outro menino também presente na cena requer parte da recompensa. A cena da camisa ocorre duas vezes no filme, aliás, com conclusões semelhantes.

Mas não sei se concordo com o ponto de vista do filme, de que o mundo em que vivemos não reserva mais lugares para os ‘velhos’, os que teimam em sonhar nostalgicamente com épocas douradas e pacíficas. Acredito também que os próprios irmãos Coen não crêem tão inocentemente nessa hipótese. Afinal, escolher uma estética western para esse filme cria obviamente a característica de remeter a um tempo passado em que a violência era a lei. Por mais que naquela época houvesse um código moral implícito calcado na masculinidade e ‘bravura’.

Creio mais num Chigurh que encara o mal, mas o mal humano, este sim, atemporal e sempre presente. Todavia, há que se acreditar que críticas podem ser feitas a falta de atitude humana em aplacar esse mal, em incentivá-lo cada vez mais. Mas não acho, de maneira nenhuma, que vivemos em um tempo de recorde de imoralidade e violência. A Roma antiga talvez não me deixaria mentir. A barbárie da Idade Média também não testemunha a favor de tal idéia. Lembro-me sempre, quando este assunto vem a tona, da frase do personagem Remy em Invasões Bárbaras, quando conversando com uma freira ele diz que a igreja católica massacrou milhões de índios no século XVII, muito mais do que as mortes do século XX. Isso tudo a machadadas, sem bombas atômicas e AK-47. A verdade é que o espírito humano não precisa de ajuda para a violência, mas o avanço das leis e da racionalidade o refreiam. Não somos perfeitos, mas quem sabe um dia não estejamos mais próximo? É no que quero acreditar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Juno


Juno é o Pequena Miss Sunshine do ano, sabe?, aquele filme com cara de indie que todo mundo diz ‘Ooh, how cute!’. E é muito bonitinho mesmo. Narra a história de Juno, uma adolescente de 16 anos que se descobre grávida após uma única transa com seu namorado nerd. Após a decisão de manter a gravidez ela inicia um périplo para achar pais adotivos para o futuro pimpolho.

A maior força do filme está no roteiro e nas interpretações, é o que dá todo o ‘cuti-cuti’ do longa. Tudo é muito deslocado, o pai da criança, também um adolescente, vive num quarto infantil onde a cama tem forma de carro. Juno, na excelente interpretação indicada ao Oscar de Ellen Page, é também deslocada. Fala em momentos inconvenientes, solta piadas a todo momento e age seguindo uma maturidade que sabemos não ser autêntica. Até a comicidade do filme é deslocada, criando um clima estranho de não saber exatamente de quais piadas devemos rir, ou se a situação é assim mesmo tão engraçada. O roteiro consegue transpor um pouco do deslocamento adolescente para o público.

Outra coisa que o roteiro não admite é representar seus personagens de maneira ‘cinematográfica’ ou ‘literária’ demais. Dessa forma, quando os adolescentes conversam eles o fazem como adolescentes de verdade, quando o pai de Juno dá conselhos a filha não espere nada que venha do oráculo de Delfos ou frases de Marcel Proust, ‘Procure alguém que goste de você como você é’, e mais nada. Tudo soa muito natural, a música que Juno canta com Bleek no final do filme aparenta uma breguice e romantismo adolescente, e é tudo isso mesmo.

A vantagem é que Jason Reitman não acha que precisa dar grandes densidades filosóficas para seus personagens para que a história funcione. Juno é assim, como várias outras garotas, e todas essas outras garotas dariam excelentes histórias.

Filmes de Janeiro


Pensando em uma locaçãozinha? Uma idéia? Esses foram os filmes que eu vi em Janeiro, caso alguém queira sugestões. Os melhores tem links, os piores... bem, não.



1. Senhor dos Anéis - O retorno do Rei - *** - DVD
2. A Bússola de Ouro - *** - Cinema
3. Bee Movie - ** - Cinema
4. Meu Nome não é Johny - *** - Cinema
5. O Amor nos Tempos do Cólera - *** - Cinema
6. Menores Desacompanhados - ** - DVD
7. Possuídos - *** - DVD
8. Submundo - *** - DVD
9. O Enigma de Kasper Hauser - **** - DVD
10. Zoolander - * - TV
11. Enigma da Pirâmide - *** - DVD

12. Paprika - **** - DVD
13. Os Produtores - *** - DVD
14. Paranóia - ** - DVD
15. Eu Sou a Lenda - **** - Cinema
16. Os Seis signos da Luz - ** - Cinema
17. Onde Andará Dulce Veiga? - *** - Cinema
18. Corpo - *** - Cinema
19. O Gângster - *** - Cinema
20. Suspeita - **** - DVD

21. Anti-heroi Americano - **** - DVD
22. A Cartada Final - ** - DVD
23. Paris eu te amo - ** - DVD
24. Os Incompreendidos - **** - DVD
25. Janela Indiscreta - **** - DVD
26. Clone Wars Vol 1 - ** - DVD

Saldo: 9 idas ao cinema em Janeiro, 1 filme na TV e 16 filmes no DVD.