terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Paprika

Na narrativa de Paprika, um dispositivo chamado DC Mini foi inventado com o único propósito de ser um auxílio para terapeutas e seus pacientes. Funciona fazendo com que o terapeuta possa penetrar nos sonhos de seus pacientes, e foi inventado pelo enormemente obeso cientista Tokita Kohsaku. Chiba Atsuko, uma terapeuta e desenvolvedora do projeto, acompanha os primeiros testes do aparelho. Para tanto, ela possuiu um avatar no mundo dos sonhos, chamada Paprika. O filme se inicia com os pesadelos de Kogawa Toshimi, um detetive que afirma ter deixado um crime sem solução para trás, e por isso, vive perturbadamente. Os pesadelos no mundo real começam justamente quando um terrorista se apropria do DC Mini e começa a entrar nas mentes das pessoas conectadas a ele.

Paprika desde o começo se mostra extremamente desinibida, digamos assim. Por exemplo, ela atende o detetive em um quarto de hotel, onde ela ocupa uma cama e ele outra, ambos trajam apenas roupões. Já seu alterego, do lado do mundo real, é exatamente o oposto, trajando roupas de executiva, cabelo amarrado e feições muito pouco expressivas. Paprika, quando se movimenta é bem mais espalhafatosa e sensual usando sempre roupas coloridas, já a Dra. Chiba é contida e rígida em seu terninho cinza.

O filme abusa dos opostos para demarcar o limite entre os mundos do sonho e da realidade, mas os opostos não param por aí e também são usados para diferenciar os personagens. O presidente, como é chamado o chefe da instituição onde trabalham, é um homem com uma rígida posição em relação a ciência. Acredita que entrar nos sonhos das pessoas é levar a tecnologia a penetrar o último lugar sagrado da humanidade. Por isso, ele sempre é emoldurado por árvores e plantas, seu escritório é lotado delas e em determinado momento do filme ele sai detrás de arbustos. A direção de arte do filme é primorosa em marcar os personagens através do universo que os emoldura.

Mas Paprika, ao contrário de muitos outros Animes, não foi concebido para agradar unicamente os amantes da pura porra-louquice. Não me entenda mal, ele é ainda um exemplar desse gênero de Animes, mas mantém uma espinha dorsal sólida, que mesmo sendo difícil de acompanhar em alguns pontos, ainda é possível de ser mantida à vista.

Os obstáculos maiores ao acompanhamento da trama residem nas referências obscuras à psicanálise (e também na teoria Junguiana) e as referências cinematográficas. Tenho vergonha de dizer que reconheci mais as referências do primeiro grupo do que as do segundo. Mas uma referência eu salvei, talvez porque fosse óbvia, mas mesmo assim deixe-me ficar com minha vitória. As cenas no bar com o policial são referências claríssimas as cenas do bar do hotel em O Iluminado. Além disso, existem outras cenas dos pesadelos do detetive que certamente remtem a outros filmes, mas tive de pesquisar para descobrir, entre eles estão a Princesa e o Plebeu, filme com Audrey Hepburn.

Enfim, eu aconselho seriamente a quem não viu, assistir esse filme o mais rápido possível.




Um comentário:

The unknown human who sold the world disse...

HUm, adorei a dica. Vou começar a baixar.