
Adoro quando assisto um filme nacional com a sala lotada, acredite se quiser. Cheguei de mansinho, pensando “Ah, é filme nacional, vou pra fila em cima da hora, vai estar vazio”. Felizmente, um ledo engano. Tinha gente saindo pelo ladrão, e dentro da sala não estava diferente, pessoas sentadas no chão.
E elas não foram ludibriadas, Meu Nome Não é Johnny oferece uns bons minutos de diversão e bom cinema. O filme narra a história de João Guilherme Estrella (Selton Mello), um traficante de classe média que atuou na década de 80 e 90 no Brasil. A história acompanha desde a infância até a prisão de João Guilherme (e não é spoiler, isso é mostrado logo no começo). Baseado em fatos reais, o filme consegue captar um dos fenômenos mais surpreendentes do mundo moderno, e que talvez tenha escapado de olhares mais incautos.
A história consegue trazer à tona a forma desiludida com que os jovens pós década de 70 enxergam o mundo. Além de oferecer uma interessantíssima radiografia da maneira errônea como os pais da classe média alta tendem a tratar seus filhos. O exemplo mais claro é a forma como João Guilherme refere-se ao próprio pai, “ele é uma espécie de vizinho, fica lá no quarto dele”. Enquanto o filho dá festas todos os dias, consumindo grandes quantidades de cocaína.
A classe média tende a ensinar os filhos a portarem-se como reis, e a enxergar o mundo como um grande banquete de onde podem desfrutar de tudo, sem exceções. Em determinado momento do filme, quando está em julgamento, João Guilherme diz que antes não fazia distinção entre lei e não-lei, não era uma questão de afrontar a lei, ela simplesmente não existia.
Mas para além do contexto social-familiar Meu Nome não é Johnny é extremamente engraçado e envolvente. A visão cínica e sarcástica que o filme oferece da polícia é o ponto alto da comédia na trama.
Pra encurtar a história, Meu Nome Não é Johnny não é a história de um bandido, pelo menos não no sentido restrito da palavra. É a história de um menino que só começou a crescer quando chegou ao fundo do poço.
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