quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Zumbis Nacionais
A princípio, o teaser de Porto tem uma coisa que o trailer de Segredos não tem: uma fotografia decente. E repare que eu disse decente, e não boa, porque aí é muito cedo pra falar qualquer coisa. No Judão você confere detalhes e desenhos storyboard do filme, recheado de zumbis tupiniquins.
Update: Reparei agora que o trailer de Segredos do Porão mudou, é diferente daquele que eu tinha postado antes, que foi tirado do ar. Acho que tem mais um no Youtube.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Trailer - Son of Rambow

Eu não sei se vai virar uma modinha, mas parece que os filmes com temática 'filmes caseiros', estão com tudo. Depois de Be Kind Rewind, que estou aguardando ansiosamente, descobri esse filminho que aparentemente fez muito barulho em Sundance. A história gira em torno de dois meninos nos anos 80 que empolgados com o filme do Rambo, resolvem fazer sua versão caseira do blockbuster. As cenas do trailer são divertidíssimas e os dois personagens infantis principais parecem ser muito carismáticos, mal posso esperar pra ver!
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
One font will rule them all
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Saldo da 11ª Mostra de cinema de Tiradentes
Fui a Mostra pela primeira vez, embora tenha ido nas últimas duas edições da Mostra de Ouro Preto, organizada pela mesma produtora da de Tiradentes. Confesso que saí um pouco decepcionado, mas vários fatores ambientais forçaram a avaliação pra baixo.
Um deles, e talvez o maior, foi o tempo. Choveu muito nos primeiros dois dias, e ficar ensopado o dia inteiro não é algo que faça meu humor ficar especialmente benevolente. Do terceiro dia em diante não houve mais chuva, mas o céu ainda ameaçava com ela o tempo todo. O frio também me pegou desprevenido, muito incomum para Janeiro.
Uma outra grande idéia que eu tive foi ficar hospedado
Agora, o problema central aqui foi a oficina que participei. Movido pelo título e ementa muito atrativos (‘Novas tecnologias do cinema’), fiz a inscrição no final de Dezembro e fui selecionado para participar. O que você espera aprender numa oficina assim? Sobre as novas tecnologias do cinema, certo? Não é tão difícil de adivinhar. A ementa ainda falava algo sobre tipos de câmeras mais adequados para tais filmes, onde divulgar, youtube, mídia para celulares, etc. Enfim, um prato cheio.
No primeiro dia o instrutor, um homem certamente experimentado e com muito conhecimento, expôs o plano de estudo daqueles próximos cinco dias: conhecer as novas tecnologias e um pouco da linguagem pertinente a cada uma delas. Excelente! Era tudo o que eu queria, e o fato do instrutor dizer que daria alguns exemplos de vídeo-arte e instalações multimídia a princípio não me incomodou. Nada mais justo, se você introduz uma nova tecnologia no cinema tem que explorar também a capacidade lingüística delas. Perfeito!
Perfeito nada. Ficamos três dias vendo excertos de vídeo-arte, alguns, confesso, muito interessantes. No quarto dia, depois de passar a tarde inteira vendo pedaços de vídeos e filmes, saí, enfezado. Não voltei mais, no dia seguinte adiantei minha passagem e voltei pra BH o mais rápido que pude.
A parte ‘técnica’ da oficina se resumiu em uma conversa de 10 minutos onde o professor falou sobre as diferenças entre as mini-dvs, Dvcam e HDV, algo que qualquer um pode olhar na Wikipedia, porque não foi nada demais.
E aí, tem sempre, lógico, aquela galerinha pedante que adora repetir o que o instrutor acabou de falar com outras palavras, ou, fazer perguntas para as quais eles já sabem a resposta. Eu deveria me lembrar desse povo quando faço inscrição pra esse tipo de coisa. Está certo que no ano passado na Mostra de Ouro Preto valeu a pena, lá pelo segundo dia eu acho que eles já tinham se cansado de falar e a oficina de Produção Executiva correu bem. Mas essa, nossa, como foi difícil. E ainda tinha uma que achava a vídeo-arte o máximo e o cinema convencional um saco, e, olha, foi difícil de agüentar. O que as pessoas têm contra o aprendizado? Sabe? Daqueles que existiam antigamente quando um professor chegava com muito conhecimento e os alunos aprendiam, dialogando com o conhecimento claro, mas mesmo assim, absorvendo. Todo mundo, especialmente nessa área de artes, ficou viciado nessa coisa de discussão. Parece que ninguém precisa saber mais nada da parte técnica, é só sentar em círculo e bater papo. É por isso que alguns vídeos são tão ruins também, porque ninguém sabe mais usar, ninguém está mais disposto a aprender só em escutar o som da própria voz.
Enfim, pelo menos eu vi uns poucos filmes. Longas eu vi Onde andará Dulce Veiga?, que gostei muito e pretendo comentar depois. Além dele vi também Corpo, que achei bacaninha também. Além disso vi seis curta-metragens, e gostaria muito de ter visto Café com Leite, curta que vai para Cannes esse ano, mas não deu. Perdi a Mostrinha também, com os filmes dedicados as crianças, que eu adoro.
Mas uma coisa boa eu vi em Tiradentes: é um evento que consegue mobilizar a população local, você vê filas enormes que não são totalmente formadas por cinéfilos pedantes e chatos, mas também de cinéfilos bacanas e moradores da região. Dava pra ver as famílias que saiam de casa com os filhos para assistirem as sessões, e achei isso demais, um fôlego de esperança para o cinema nacional.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Tudo o que você sempre quis!

Dica do Wishlist
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Paprika

Na narrativa de Paprika, um dispositivo chamado DC Mini foi inventado com o único propósito de ser um auxílio para terapeutas e seus pacientes. Funciona fazendo com que o terapeuta possa penetrar nos sonhos de seus pacientes, e foi inventado pelo enormemente obeso cientista Tokita Kohsaku. Chiba Atsuko, uma terapeuta e desenvolvedora do projeto, acompanha os primeiros testes do aparelho. Para tanto, ela possuiu um avatar no mundo dos sonhos, chamada Paprika. O filme se inicia com os pesadelos de Kogawa Toshimi, um detetive que afirma ter deixado um crime sem solução para trás, e por isso, vive perturbadamente. Os pesadelos no mundo real começam justamente quando um terrorista se apropria do DC Mini e começa a entrar nas mentes das pessoas conectadas a ele.
Paprika desde o começo se mostra extremamente desinibida, digamos assim. Por exemplo, ela atende o detetive em um quarto de hotel, onde ela ocupa uma cama e ele outra, ambos trajam apenas roupões. Já seu alterego, do lado do mundo real, é exatamente o oposto, trajando roupas de executiva, cabelo amarrado e feições muito pouco expressivas. Paprika, quando se movimenta é bem mais espalhafatosa e sensual usando sempre roupas coloridas, já a Dra. Chiba é contida e rígida em seu terninho cinza.
O filme abusa dos opostos para demarcar o limite entre os mundos do sonho e da realidade, mas os opostos não param por aí e também são usados para diferenciar os personagens. O presidente, como é chamado o chefe da instituição onde trabalham, é um homem com uma rígida posição em relação a ciência. Acredita que entrar nos sonhos das pessoas é levar a tecnologia a penetrar o último lugar sagrado da humanidade. Por isso, ele sempre é emoldurado por árvores e plantas, seu escritório é lotado delas e em determinado momento do filme ele sai detrás de arbustos. A direção de arte do filme é primorosa em marcar os personagens através do universo que os emoldura.
Mas Paprika, ao contrário de muitos outros Animes, não foi concebido para agradar unicamente os amantes da pura porra-louquice. Não me entenda mal, ele é ainda um exemplar desse gênero de Animes, mas mantém uma espinha dorsal sólida, que mesmo sendo difícil de acompanhar em alguns pontos, ainda é possível de ser mantida à vista.
Os obstáculos maiores ao acompanhamento da trama residem nas referências obscuras à psicanálise (e também na teoria Junguiana) e as referências cinematográficas. Tenho vergonha de dizer que reconheci mais as referências do primeiro grupo do que as do segundo. Mas uma referência eu salvei, talvez porque fosse óbvia, mas mesmo assim deixe-me ficar com minha vitória. As cenas no bar com o policial são referências claríssimas as cenas do bar do hotel em O Iluminado. Além disso, existem outras cenas dos pesadelos do detetive que certamente remtem a outros filmes, mas tive de pesquisar para descobrir, entre eles estão a Princesa e o Plebeu, filme com Audrey Hepburn.
Enfim, eu aconselho seriamente a quem não viu, assistir esse filme o mais rápido possível.
A elite do cinema nacional
E pelo que eu li por aí o diretor do filme, José Padilha, o criador do novo brucutu nacional, reverteu todas as 'doações posteriores', chamemos assim, que chegaram até sua produtora, para o INCA, o Instituto do Câncer. Então, quem quiser já sabe né, é só procurar a Zazem produções e deixar seu dinheiro lá, caso você tenha comprado um dvd pirata por aí.
Dica by Omelete.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Roubem esse filme!
A continuação, criativamente chamada, novamente, de "Steal this Film 2", aborda temas mais gerais dos direitos autorais pelo mundo. Especialmente as táticas dos grandes estúdios para burlar as cópias 'informais', digamos assim, dos seus produtos.
Obviamente o filme está disponível no site do grupo, gratuitamente. Tem legendas em português e pode ser visto no Youtube, pra quem gosta de cometer esse tipo de profanação. O grupo também resolveu ironizar aquelas mensagens chatérrimas antes dos dvds, aquelas que são impossíveis de adiantar e que você é obrigado a ver em pelo menos três idiomas: "Não busque permissão para copiar este filme. Qualquer um que interromper a distribuição deste trabalho, ou impedir outros de fazê-lo, será banido. Todos os recursos passíveis de uso para compartilhar este filme devem ser empregados."
Eu, com certeza, vou baixar. Se você quiser também, aí está.
Dica do Ilustrada no Cinema.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Possuídos

Fui ver esse filme movido pelo buzz que escutei por aí. Mas tenho dó de quem alugou pensando se tratar de um filme de terror convencional. O filme nada mais é do que uma narrativa de loucura. As origens teatrais da obra também são evidentes, muitos, muitos diálogos e unidade de ação concentrada num único quarto de hotel.
O filme narra a história de uma mulher que sofre a perseguição do marido, recém saído da prisão onde cumpria pena por assassinato. Além disso, a coitada ainda tem que carregar o fardo de ter perdido o filho de seis anos num supermercado anos antes. E, numa certa noite Agnes (Ashley Judd), depois de sair de seu emprego de garçonete, recebe uma amiga que traz um convidado um tanto esquisito. A história gira a partir desse encontro, onde o homem, morbidamente sedutor, vai envolvendo-se na vida da garçonete.
Se no princípio vemos pelo menos dois cenários (o bar onde Agnes trabalha e um supermercado), e ainda o exterior do quarto de hotel onde Agnes mora, do encontro com o estranho pra frente o filme começa a se tornar intensamente claustrofóbico. Um ambiente mais do que apropriado para a vida dos personagens.
O problema com Agnes é que ela é tão carente e frágil que se enreda nas tramas de um homem visivelmente perturbado, mas que a trata bem. O filme não demonstra nem por um minuto uma ambigüidade na história, não dá pra acreditar na paranóia dos personagens por nada deste mundo, portanto, a história é uma visão para o precipício.
Os diálogos histriônicos do final chegaram a me incomodar um pouco, mas depois deu pra entender, era o clímax.
Meu nome não é Johnny

Adoro quando assisto um filme nacional com a sala lotada, acredite se quiser. Cheguei de mansinho, pensando “Ah, é filme nacional, vou pra fila em cima da hora, vai estar vazio”. Felizmente, um ledo engano. Tinha gente saindo pelo ladrão, e dentro da sala não estava diferente, pessoas sentadas no chão.
E elas não foram ludibriadas, Meu Nome Não é Johnny oferece uns bons minutos de diversão e bom cinema. O filme narra a história de João Guilherme Estrella (Selton Mello), um traficante de classe média que atuou na década de 80 e 90 no Brasil. A história acompanha desde a infância até a prisão de João Guilherme (e não é spoiler, isso é mostrado logo no começo). Baseado em fatos reais, o filme consegue captar um dos fenômenos mais surpreendentes do mundo moderno, e que talvez tenha escapado de olhares mais incautos.
A história consegue trazer à tona a forma desiludida com que os jovens pós década de 70 enxergam o mundo. Além de oferecer uma interessantíssima radiografia da maneira errônea como os pais da classe média alta tendem a tratar seus filhos. O exemplo mais claro é a forma como João Guilherme refere-se ao próprio pai, “ele é uma espécie de vizinho, fica lá no quarto dele”. Enquanto o filho dá festas todos os dias, consumindo grandes quantidades de cocaína.
A classe média tende a ensinar os filhos a portarem-se como reis, e a enxergar o mundo como um grande banquete de onde podem desfrutar de tudo, sem exceções. Em determinado momento do filme, quando está em julgamento, João Guilherme diz que antes não fazia distinção entre lei e não-lei, não era uma questão de afrontar a lei, ela simplesmente não existia.
Mas para além do contexto social-familiar Meu Nome não é Johnny é extremamente engraçado e envolvente. A visão cínica e sarcástica que o filme oferece da polícia é o ponto alto da comédia na trama.
Pra encurtar a história, Meu Nome Não é Johnny não é a história de um bandido, pelo menos não no sentido restrito da palavra. É a história de um menino que só começou a crescer quando chegou ao fundo do poço.