terça-feira, 24 de março de 2009

Últimos filmes vistos


Let The Right One In – Um menino solitário, que sofre com os valentões na escola, descobre numa estranha garota vizinha uma amizade incomum. Após alguns assassinatos ele percebe que a garota é na verdade uma vampira. Fotografia absolutamente deslumbrante, matizes aquareladas, com focos excepcionais, prefere deixar o contraste para a mise-en-cene da relação entre os personagens e as paisagens gélidas e brancas da Suécia. Aposta num clima de terror psicológico e personagens extremamente bem construídos, atuações inspiradas. Recomendadíssimo.

(Låt den rätte komma in, 2008, Suécia - Dir: Tomas Alfredson)


Doubt – Um freira, diretora de uma escola católica é alertada por uma professora da possibilidade de um dos alunos ter sido assediado por um padre. Não é preciso dizer que Meryl Streep e Phillip Seymour Hoffman tem atuações brilhantes, isso é habitual. O fato de que o filme foi adaptado de uma peça de teatro infelizmente também se faz bem claro, já que se baseia tão somente em diálogos, alguns chatíssimos, com muitas poucas soluções visuais. E quando o diretor busca alguma solução visual elas normalmente são sofríveis, só demonstrando a pouca experiência que o diretor John Patrick Shanley tem, já que essa é seu primeiro filme (ele também é autor da peça original). É lamentável, por exemplo, o ato de virar a câmera sem nenhum propósito aparente, demonstrando um incrível amadorismo. O filme ainda apresenta erros de eixo e de decupagem inaceitáveis. Um último diálogo entre Hoffman e Streep quase salva a película, mas, sua última e horrível cena consegue estragar tudo.

(Doubt, 2008, USA - Dir. John Patrick Shanley)


W. - Cinebiografia de George W. Bush cujo único acerto é escolher a comédia. O filme de Oliver Stone é simplesmente uma gozação à figura do ex-presidente americano e dedica quase três horas a zombar do infeliz. Não há nenhuma construção de personagem que ajude o expectador a entrar na experiência de George Bush, mantendo sempre uma distância entre expectador e personagem. Infelizmente também é impossível para o público construir uma imagem mais verossímel do personagem, e, portanto, formular uma opinião sobre ele. A atuação de Josh Brolin é esquemática e sofrível, assim como a maioria de seus companheiros de elenco - com destaque para Thandie Newton que vive Condoleezza Rice. As melhores performances, entretanto, ficam por conta de James Cromwell e Ellen Burstyn, que assumem respectivamente os papéis dó patriarca e da matriarca Bush.

(W., 2008, USA - Dir. Oliver Stone)


Vicky Cristina Barcela – Vicky e Cristina são duas amigas de infância que resolvem passar dois meses na Espanha. Oposta em relação à suas opiniões sobre o amor, Vicky esta prestes a se casar com um sucedido empresário e Cristina vaga procurando um amor perfeito na forma de um homem que fuja dos padrões. A vida das duas muda quando conhecem ###, um pintor boêmio da região catalã. Mais uma incursão de sucesso de Woody Allen pelo velho continente. Essa filme brinda o espectador com atuações inspiradas e um panorama interessante sobre o gênero comédia romântica. Lançando mão de todo o potencial de seus atores, Allen consegue segurar o longa fazendo aproximações do cinema com a literatura - algo muito comum em seus filmes – usando para isso um narrador eficiente. Além disso, parece ser o segundo diretor que consegue arrancar uma interpretação decente de Penélope Cruz (o outro é Almodóvar).

(Vicky, Cristina, Barcelona, 2007, USA - Dir. Woody Allen)

2 comentários:

Ereke disse...

Vicky... eu assisti, gostei, novidade... Aos outros não. Doubt e W. estavam na minha lista. Bom, continuam na minha lista, apesar de você não ter gostado. Esse sueco aí vamos ver se assisto, nunca tinha ouvido falar.

Wally disse...

Dúvida tem um roteiro dos mais extraordinários, mas aquele final mas deixa com "dúvida" mesmo...

Vicky Cristina Barcelona é primoroso. Original e ousado.

Ciao!