Let The Right One In – Um menino solitário, que sofre com os valentões na escola, descobre numa estranha garota vizinha uma amizade incomum. Após alguns assassinatos ele percebe que a garota é na verdade uma vampira. Fotografia absolutamente deslumbrante, matizes aquareladas, com focos excepcionais, prefere deixar o contraste para a mise-en-cene da relação entre os personagens e as paisagens gélidas e brancas da Suécia. Aposta num clima de terror psicológico e personagens extremamente bem construídos, atuações inspiradas. Recomendadíssimo.
(Låt den rätte komma in, 2008, Suécia - Dir: Tomas Alfredson)
Doubt – Um freira, diretora de uma escola católica é alertada por uma professora da possibilidade de um dos alunos ter sido assediado por um padre. Não é preciso dizer que Meryl Streep e Phillip Seymour Hoffman tem atuações brilhantes, isso é habitual. O fato de que o filme foi adaptado de uma peça de teatro infelizmente também se faz bem claro, já que se baseia tão somente em diálogos, alguns chatíssimos, com muitas poucas soluções visuais. E quando o diretor busca alguma solução visual elas normalmente são sofríveis, só demonstrando a pouca experiência que o diretor John Patrick Shanley tem, já que essa é seu primeiro filme (ele também é autor da peça original). É lamentável, por exemplo, o ato de virar a câmera sem nenhum propósito aparente, demonstrando um incrível amadorismo. O filme ainda apresenta erros de eixo e de decupagem inaceitáveis. Um último diálogo entre Hoffman e Streep quase salva a película, mas, sua última e horrível cena consegue estragar tudo.
(Doubt, 2008, USA - Dir. John Patrick Shanley)
W. - Cinebiografia de George W. Bush cujo único acerto é escolher a comédia. O filme de Oliver Stone é simplesmente uma gozação à figura do ex-presidente americano e dedica quase três horas a zombar do infeliz. Não há nenhuma construção de personagem que ajude o expectador a entrar na experiência de George Bush, mantendo sempre uma distância entre expectador e personagem. Infelizmente também é impossível para o público construir uma imagem mais verossímel do personagem, e, portanto, formular uma opinião sobre ele. A atuação de Josh Brolin é esquemática e sofrível, assim como a maioria de seus companheiros de elenco - com destaque para Thandie Newton que vive Condoleezza Rice. As melhores performances, entretanto, ficam por conta de James Cromwell e Ellen Burstyn, que assumem respectivamente os papéis dó patriarca e da matriarca Bush.
(W., 2008, USA - Dir. Oliver Stone)
Vicky Cristina Barcela – Vicky e Cristina são duas amigas de infância que resolvem passar dois meses na Espanha. Oposta em relação à suas opiniões sobre o amor, Vicky esta prestes a se casar com um sucedido empresário e Cristina vaga procurando um amor perfeito na forma de um homem que fuja dos padrões. A vida das duas muda quando conhecem ###, um pintor boêmio da região catalã. Mais uma incursão de sucesso de Woody Allen pelo velho continente. Essa filme brinda o espectador com atuações inspiradas e um panorama interessante sobre o gênero comédia romântica. Lançando mão de todo o potencial de seus atores, Allen consegue segurar o longa fazendo aproximações do cinema com a literatura - algo muito comum em seus filmes – usando para isso um narrador eficiente. Além disso, parece ser o segundo diretor que consegue arrancar uma interpretação decente de Penélope Cruz (o outro é Almodóvar).
(Vicky, Cristina, Barcelona, 2007, USA - Dir. Woody Allen)