segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O Castelo Animado

Demorou, mas eu assisti. E confesso que gostei muito, assistir essas obras do Miyazaki é praticamente assistir a um quadro, uma pintura. Quando o feiticeiro Howl leva Sophie ao seu esconderijo favorito não pude deixar de pensar em Kurosawa e naquelas planícies maravilhosas de 'Sonhos'. Só acho que é um filme extremamente difícil pra crianças, e, ouso dizer que o público infantil não era o alvo. Aliás, até para os adultos fica difícil definir certas coisas do roteiro, porque estamos bastante acostumados com o esquema dicotômico entre bom x mal, protagonista x antagonista, e, nO Castelo Animado isso desaparece totalmente.

Mas mesmo assim notei um tema muito interessante no filme, a dinâmica interior x exterior. Isso é constantemente explorado, o castelo em si é uma casa ambulante que abriga em segurança seus ocupantes, sem que os que estão de fora saibam exatamente onde ele está situado. O filme demonstra todo o momento a tensão que existe entre o que sentimos e somos por dentro e o que mostramos por fora. Howl é um feiticeiro de grande beleza, mas que se transforma num monstro grotesco por causa de uma maldição. Sophie, que ama Howl, é uma chapeleira que não acredita em sua própria beleza e é transformada em uma senhora de idade, embora retorne à forma juvenil com frequência, quando está descontraída e em harmonia com os locais maravilhosos que Howl a leva. O castelo tem uma porta que abre em diferentes locais, mudando sempre que seu mestre deseja. Além disso, quase todos os personagens aparecem de duas ou mais formas no filme, desde o jovem aprendiz de Howl, que usa uma barba para se disfarçar, até a mãe de Sophie, que finge estar preocupada com sua segurança num momento, para no segundo seguinte se mostrar como uma traidora. Nossos exteriores, o filme parece querer dizer, são tão mutáveis como nossos interiores.

"Mas a Chihiro ainda ganha!"

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