quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Festival e outras coisas mais, parte 1

Vou dividir este post em dois pra não ficar muito grande. Tem muito tempo que eu não posto nada e fica difícil lembrar de tudo, então nem vou tentar. Três semanas atrás estávamos em um taller de produção e foi o demônio. Durou duas semanas e, no final delas, tínhamos que entregar uma pasta de produção de um curta metragem completa. O professor nos deu um roteiro e iniciamos as atividades nos reunindo em grupo e decidindo como seria a cara desse curta. Meu grupo decidiu por uma história ambientada na década de 50 cubana.

Depois disso nos dividíamos em duplas e começávamos o trabalho de verdade. Incluía um orçamento completo (inclusive com partes abertas, com cálculos de salários e encargos sociais para mais de 40 pessoas, impostos, etc), plano de rodagem, planta de câmeras, roteiro técnico, plano econômico, fotos de locações ou esboço de cenários, press kit e um pitch pra completar. Não parece tanto, mas me custou duas noites em claro trabalhando até as 5 da manhã e mais outras três noites que fui dormir as 3h. O mais curioso era andar pelos corredores da escola no meio da madrugada. Se passava na frente do quarto de algum colega eu sempre ouvia vozes lá dentro, discutindo sobre o trabalho. Na nossa sala de aula era ainda mais incrível. Eu costumava ir lá porque temos pontos de internet e alguns computadores disponíveis, mas poderiam facilmente ser 3 horas da manhã e as pessoas estavam trabalhando ativamente, ouvindo música, conversando, etc. Aparentemente era um dia normal se pela janela a escuridão da madrugada não pudesse ser vista. Era um clima interessante, mas desesperante. Especialmente porque nossos coordenadores tiveram a brilhante idéia de nos colocar uma matéria noturna – sim, porque a matéria de produção continuava normalmente durante a manhã e tarde, trabalhávamos nos horários 'livres' - tínhamos Recorrido del Heroe durante a noite com uma professora americana. O melhor de tudo era que essa matéria foi um desperdício de tempo total, pois a professora e seu irritante tradutor só tratavam de mostrar filmes completos e fazer discussões chulas no final. A aula terminava meia noite e aí começávamos a trabalhar. Que bom que acabou.

Felizmente na semana seguinte ao final do taller de produção começou o 30º Festival Internacional do Novo Cinema Latino Americano, ou, pros íntimos, Festival de Cinema de Havana. A organização do Novo Cinema Latino Americano é a fundação que criou essa escola, assim, o festival é sempre uma ocasião muito especial. A semana começou com a distribuição de módicos 30 CUCs pra cada um dos alunos. Esse dinheiro deveria ser usado para alimentação enquanto estávamos em Havana. Mas o esquema do festival é um pouco pesado, a escola coloca quatro horários de ônibus para levar os alunos para Havana, sendo que o mais tarde é as 14h. O problema é que os horários de retorno se reduzem a 12h30 e 2h da manhã. Ou seja, ficamos todos os dias 12h em Havana, cansativo pra caramba. Não dava pra reclamar muito no início, porque tudo é festa nos primeiros dias. A cada dia que pegávamos o jornalzinho com a programação do dia seguinte era uma satisfação, porque víamos nomes de filmes que queríamos ver a muito tempo, ou filmes que estrearam no circuito mundial – que exclui Cuba – enquanto estávamos aqui.

Além disso, a sede do evento é no prestigiado e famoso Hotel Nacional, no centro de Havana, e os alunos dos anos anteriores já haviam dito que era meio costumeiro passar as horas vagas nos sofás do Hotel vendo um monte de gente famosa passar.

Em relação aos filmes o festival é interessante porque te dá a chance de ver coisas que você provavelmente não vai mais ver em lugar nenhum, muitos filmes de todos os países da América latina. Dá pra conferir o que os compañeros estão fazendo por aí e deu pra ver também o rosto de muita gente conhecida aqui da escola em alguns filmes.

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