sábado, 18 de outubro de 2008

Larga do meu pé Tarkovsky! Ou, como assisti dois filmes do Tarkovsky na mesma semana



Bom, obrigado as pessoas que manifestaram interesse por esse blog quepassa por uma fase muito sofrível. Posso assegura que isso é maisresponsabilidade da internet do tio Fidel do que desse que vos fala. Queria dizer também que tenho muita dificuldade de comentar nos blogs de todo mundo, é lento mesmo, vocês não tem idéia. Além de outras dificuldades, por exemplo, para postar isso eu tenho que escrever no meu notebook, mandar o arquivo pelo meu email da intranet da escola para o meu email do Gmail, ir para os computadores que dão acesso à internet, entrar no Gmail, copiar e colar no Blogger. Ufa! Tudo isso porque os computadores que dão acesso à internet no Laboratório de informática da escola não tem uma entrada USB, pelo menos não todos. E como os alunos de primeiro ano não tem acesso gratuito à internet nas salas de aula, tenho que me sujeitar a isso. E se eu for escrever direto no Blogger vocês já viram a maravilha que fica né? Sem acentuação nenhuma.

Bom, minha semana começou tranqüila e promissora. Estamos na quarta semana de História do Cinema, matéria onde a teoria é dada pelas manhãs de segunda a sexta e os filmes são projetados à noite. O professor é um chato, mas sabe muito e tem muita disponibilidade para emprestar os filmes da sua enorme coleção para que os alunos copiem, e tem cada raridade que vocês nem imaginam! Digo que a semana começou bem porque vi os cartazinhosque esse professor espalha pela escola, anunciando as sessões noturnas de História do cinema, o primeiro filme seria um do Herzog que eu nunca tinha ouvido falar. Bem, não foi uma maravilha mas foi interessante. A semana, em termos de filmes, passou por uma civilização revoltosa de anões, a um bando de vampiros filósofos e também por dois japoneses que fazem sexo em 95% das cenas de um filme. Em outras palavras:

También los enanos comenzaron pequeños (W. Herzog), um bando de anões, num mundo que, se supõe, seja apenas habitado por outros igualmente pequeninos, se revolta contra o diretor de uma escola que mantém um dos seus de refém. O problema é que é aquele tipo de filme em que o diretor visa estressar um pouco sua platéia, e para isso Herzog usa uma risada cômica e nervosa de um dos personagens a todo momento. Mas faz um paralelismo muito interessante para a humanidade usando seus pequeninos.

A Infância de Ivan (A. Tarkovsky), finalmente um filme de Tarkovsky que eu consegui assistir concentrado e interessado. Narra a história de Ivan, um menino de 12 anos que perdeu os pais na 2º Guerra Mundial, na URSS. É cuidado por um bando de militares que o querem manter a salvo a todo custo. As melhores seqüências são as dos sonhos do menino, fantástico!

La adicción (Abel Ferrara), uma estudante de doutorado em filosofia é mordida por uma vampira no centro de Nova Iorque. Após esse ¨inconveniente¨ ela se converte numa sugadora de sangue inveterada. Abel Ferrara usa o vampirismo como metáfora para várias coisas, mas especialmente para uma discussão interessante sobre o bem e o mal, usando um estonteante preto e branco como suporte.

Gummo (Harmony Korine), filme desconcertante e sem narrativa central, sobre os jovens habitantes de uma cidadezinha americana. Acompanhamos a vida de alguns deles por várias cenas, mas de outros vemos apenas alguns depoimentos. Uma mescla interessante de ficção e linguagem de documentário, Korine também usa gravações originais e caseiras dos locais. É também o diretor do mais conhecido Kids.

O Espelho (A. Tarkovsky), chatíssimo filme que é considerado a obra-prima deTarkovsky, porém, dá pra perceber que é um filme especial. Mas, sinto muito, eu não sintonizo bem com Tarkovsky, não gosto da visão de mundo dele e quando assisti o dia inteiro de aulas me sinto cansado para ver 'a natureza falar' como disse o professor. Algumas cenas são muito interessantes, mas é isso: cenas interessantes, como uma exposição de quadros filmada. Talvez daqui alguns anos eu saiba apreciar melhor, mas por enquanto não.
O Império dos Sentidos, um senhor casa-se com uma de suas empregada e os dois fazem sexo o tempo inteiro. Basicamente é isso. E falo sério, há pouquíssimas cenas onde os dois não fazem sexo um com o outro ou com alguém. Também não há cenas expositivas ou explicativas, por exemplo, em uma cena ele diz que nunca mais voltará a tal lugar e duas cenas (de sexo)depois ele está em tal lugar, sem que haja necessidade de dizer como e porque ele foi até lá. Também não há cenas de câmera subjetiva, como se o diretor quisesse que a relação dos dois se estabelecesse sempre aos olhos do espectador e nunca sob o ponto de vista de um dos dois amantes. É um filme muito interessante.

Além disso vi outros filmes por fora da disciplina de História do Cinema. Essa semana começamos a oficina de Roteiro que deve durar três semanas e o professor pediu que víssemos quinze filmes. Eu já tinha visto vários da lista e não vou ver todos porque, francamente, tempo é o que eu menos tenho ultimamente. Mas como tenho que fazer um trabalho na semana que vem e o professor designou cada um dos roteiristas como 'cabeças' de grupos, assisti ontem 'Se meu apartamento falasse'. A vantagem é que eu queria ver esse filme há muito tempo (já até copiei) e os filmes do Billy Wilder nunca decepcionam. Resultado: adorei! Agora só falta achar os finais de ato, clímax, detonantes, etc, etc, etc. No geral este está sendo o melhor taller do curso até agora.

A novidade da semana é que consegui comprar minha passagem para passar o final de ano no Brasil. A outra possível novidade é que minha família talvez vá à falência, já que cada dólar está custado, não sei, 700 reais? Essa coisa da crise financeira é algo interessante. Ficamos tão isolados aqui, sem um acesso decente a internet, jornais ou televisão, que temos a impressão, as vezes, que o mundo lá fora está acabando. Tem uma televisão noRapidito – nossa lanchonete 24h aqui na escola – que fica praticamente naCNN em espanhol o tempo todo. Só que toda vez que eu chego lá, além de muito barulho pra escutar direito, eu encontro sempre notícias sobre bombas na Finlândia, mortos na Bolívia, ataques suicidas não sei onde e muitas, muitas notícias sobre a crise financeira. Tenho medo de pegar o avião em Dezembro e chegar no Brasil e encontrar um cenário semelhante ao que o Will Smith encontrou.

Bom, fico por aqui. Perdão pelos títulos dos filmes em espanhol, os que eu lembrava em português eu coloquei. Mas não tenho, como já disse várias vezes, a disponibilidade pra ficar consultando os nomes de diretores e filmes na internet.

4 comentários:

Pedro Henrique Gomes disse...

Não vi nenhum. Boa sorte com suas tarefas por aí!!!

Abraço!

Jacques disse...

REcomendo também pra vc Solaris e O Sacrificio. Abcs

Anônimo disse...

Ele voltou! E a imagem de All About Eve ainda está com o título de "O Suspeito"! Rsrsrsrs. Bem, morro de vontade de conhecer Tarkovsky. Quem sabe em breve...

Ciao!

Robson Saldanha disse...

Muito bom esses seus comentários... também nunca tinha ouvido falar nesse Herzog... e as cubanas? Boas? hehehe