
É no mínimo lamentável, portanto, que a continuação de uma trilogia clássica seja um filme tão sem sal e desprovido de qualidades como esse. E olha que eu apostava todas as minhas fichas nessa produção.
Nessa nova aventura Indiana Jones é envolvido com militares comunistas, liderados pela coronel Irina Spalko, uma Cate Blanchett totalmente caricatural e insossa. Quando começa a ser investigado também pelo FBI, dado seu envolvimento com os comunistas, Indy é contatado por Mutt Williams (Shia LaBeouf) um rapaz que solicita sua ajuda para localizar a mãe e um antigo conhecido de Indy.
Desde o princípio da trama (nos primeiros minutos mesmo) fica claro que os personagens investigam qualquer tipo de evento alienígena, e como se isso não fosse por si só enormemente destoante das aventuras anteriores de Indiana Jones, o roteirista (David Koep) ainda faz o favor de incluir temas como habilidades parapsíquicas. Temas, aliás, que são a principal gordura extra do roteiro, uma vez que são apenas mencionados ou levemente tocados sem que seu papel seja significativo para fazer a trama andar. Outra coisa que incomoda bastante é o fato de que em dois momentos aparecerem ‘nativos’ nos sítios arqueológicos que Indiana investiga, que atacam o professor, mas dos quais não sabemos nada, tampouco porque eles atacam Indiana Jones. E assim como surgem eles desaparecem da trama sem mais nem menos. Como esse, existem ainda outros buracos que permanecem sem resposta no roteiro.
A sensação que o filme todo proporciona é que existem eventos que aconteceriam se aqueles personagens estivessem lá ou não. É uma grande sensação de gratuidade. Não vemos Indiana Jones no filme. E nem sabemos por que ele continua investigando os eventos da forma que o filme mostra. Afinal, não existe motivação suficiente para que ele continue. Pelo menos, se tomarmos os outros filmes como exemplo, Indiana Jones é um personagem difícil de ser demovido das próprias vontades, e toma sempre o caminho mais curto e simples para realizar algo. É como se fosse um filme de Indiana Jones em que as ações pudessem ser executadas pelo seu Zé da padaria da esquina.
Assim como a personagem título, a vilã da história também não tem brilho e seus desejos são altamente superficiais. Sabemos que ela se interessa pelos dons psíquicos da caveira de cristal mas não temos um mapa preciso do que ela pretende e como executará o que pretende. Ela também não oferece um antagonismo eficiente à Indiana Jones, justamente porque é muito superficial. Talvez o pior papel de Blanchett em toda sua carreira.
Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal é, portanto, uma decepção gigantesca. Chegou a me dar sono no cinema. Esperamos 18 anos por uma continuação, mas eu ficaria de bom grado esperando mais uns cinco se isso fosse produzir um filme melhor.
