terça-feira, 29 de abril de 2008

Um Plano Brilhante



Um plano brilhante segue a vida da bem-sucedida Laura Quinn, a primeira executiva da London Diamonds, uma fictícia distribuidora de pedras preciosas. A vida de Quinn parece ser um eterno esforço para se colocar na frente dos homens e conseguir promoções que nunca se concretizam. Mas ela mergulha em mais problemas quando descobre o plano do Sr. Hobbs (Michael Caine), de assaltar o cofre da empresa usando-a como comparsa.

A maior força de Um Plano Brilhante reside na personagem feminina, exemplarmente mostrada como uma mulher forte que teve de abrir mão de família e filhos para alcançar sucesso, numa época onde essa escolha era necessária. Demi Moore consegue imprimir verdade no papel e nos oferece uma deliciosa interpretação de Laura Quinn. O faxineiro, Sr. Hobbs, também é um bom personagem, comendo pelas beiradas e revelando apenas as migalhas necessárias de seu plano, até que ele se concretize. Mas Michael Caine está apenas regular no papel, eficiente como sempre.

O problema principal foi ter começado o filme focando na questão feminina e não ter levado essa questão até as últimas conseqüências. Fica claro, obviamente, que a personagem de Demi Moore enfrenta um sem-número de dificuldades na sua escalada profissional. E também é claro o papel que isso desempenha na sua tomada de decisão de apoiar Hobbs, mas faltou ao filme delinear melhor a personagem feminina e aproveitar suas diferenças em relação ao universo masculino.

A ambientação dos protestos contra a Lon Di também está sobrando na trama, uma vez que não recebe atenção a partir de determinado momento. O diretor Michael Radford parece ter abocanhado um pedaço do roteiro (de Edward Anderson) maior do que podia engolir. A revelação do estratagema do Sr. Hobbs também é pífia, não impactando o espectador. Existe ainda um suspense sobre o destino da personagem de Moore (será presa ou não?) que é criado pelo uso de uma única frase no início do filme, um artifício nada elegante.

O que brilha de fato no filme é a interpretação de Demi Moore, e uma direção de arte muito inspirada e glamourosa. A maquiagem de Laura Quinn como uma velha senhora também merece grande destaque.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Quebrando a Banca


Entrei numa sala de cinema esperando um filme cool, mas saí um pouco decepcionado. Quebrando a banca narra a história de Ben Campbell (Jim Sturgess), um jovem gênio que tem como sonho cursar medicina em Harvard, mas suas finanças, ou melhor, a falta delas, é um empecilho gigantesco. Para tanto, ele se envolve com um grupo de alunos do MIT que passa os finais de semana em Vegas contando cartas. Por trás do grupo está o professor Micky Rosa (Kevin Spacey), o mestre na arte de sabotar cassinos e encher os bolsos com as trapaças de seus aluninhos super-dotados.

O filme é extremamente decepcionante. Especialmente do início do terceiro ato pro final. A subtrama de Ben e seus amigos nerds não recebe um tratamento adequado e se fosse meu filme ficaria de fora do corte final. Não precisamos dela para entender que o jovem é um pobre e inocente rapaz sendo corrompido pelo dinheiro. Além disso, as reviravoltas da trama são tão pífias que não empolgam nem um hiperativo superexcitado. Só pra completar o filme aproveita muito mal Laurence Fishburne, um excelente ator, e pra variar apresenta mais uma atuação medíocre de Kevin Spacey.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

MEME: Filmes Subestimados

Seguindo o delicado e agradável convite do colega Weiner, cá estou eu respondendo o MEME de Filmes Subestimados. Minhas escolhas refletem filmes que foram realmente malhados ou esquecidos, e que me agradaram muito. Aproveitei para pescar filmes do fundo do baú, pra que essas pérolas sejam assistidas. Cinco filminhos que me marcaram, e considero que fariam bem a qualquer um assistir.

Como quase todo mundo já respondeu ao MEME procurei alguns blogueiros que acredito não foram incluídos (pessoal, se vocês já responderam me perdoem, eu até que procurei por aí antes de convidar, mas não tenho lido meus feeds com muita atenção ultimamente). Passo a bola para:

Cine Dema(i)s / Café Pequeno / Spoiler / Tudo é Crítica / Espaço Lumière


1. Primer - (2004, Shane Carruth)

É só eu pensar em um filme esnobado que eu me lembro deste, provavelmente o crime do século foi cometido contra esse longa. Rodado com apenas absurdos 7 mil dólares (sim, mil e não milhões), escrito, dirigido, fotografado, sonorizado e estrelado por Shane Carruth, Primer é uma obra-prima da sétima arte. Conheci-o através do crítico de cinema Pablo Villaça e constatei que o que se fala dele é a mais pura verdade. Para se ter uma idéia ele chegou a ser comparado com 2001: Uma Odisséia no Espaço. Acho a comparação um tanto exagerada, especialmente porque 2001 é meu filme preferido, mas mesmo assim as qualidades de Primer são grandiosas.

Quase todo passado em uma garagem e em um galpão, narra a história de dois amigos que acidentalmente descobrem uma forma de viajar no tempo. Visando obter as maiores vantagens econômicas possíveis da invenção, ambos mergulham num cenário de caos e desorientação no tempo. A questão do filme é abordar a viagem no tempo de forma mais realista possível, um objetivo alcançado, devo confessar.

Não é possível encontrar Primer no Brasil, o filme não foi lançado e nem vai ser. Seu conteúdo altamente científico é tido como impalatável para as grandes platéias, o que eu acho uma grande bobeira, o filme tem tudo para ser um cult. Primer recebeu o prêmio do grande Júri em Sundance em 2004, e Shane Carruth ainda não fez nada depois, inexplicavelmente.

Recomendo o download fortemente, e é sem peso na consciência, já que pra ver o filme só se você voltar no tempo e for a exibição em Sundance. Existem legendas em português por aí.

2. Saneamento Básico - (2007, Jorge Furtado)

Comédias não gozam de todo o status do cinema dramático, desde que Aristóteles fez o favor de considerar esse gênero como uma manifestação ‘menor’ da capacidade artística humana. Mas eu as adoro. Saneamento básico satisfaz o critério mais estrutural da comédia: te faz rir, muito! E de quebra é uma aula muito sutil sobre o cinema. Seguindo seu princípio de fazer filmes de qualidade para o público geral, Jorge Furtado consegue atingir um outro nível dentro de suas propostas. A atuação de Wagner Moura é um banho de dramaturgia, deixa o capitão Nascimento no chinelo.

3. Contato - (1997, Robert Zemeckis)

Escolhi contato por dois motivos: adoro temas científicos e sou fã incondicional de Carl Sagan, físico que se dedicou a promover o conhecimento científico à comunidade leiga e escreveu o romance que deu origem ao filme. O romance é também excepcional.

Contato é uma discussão corajosa sobre a relação do homem com o divino, onde se percebe a humildade de Sagan ao expor os pontos fracos de seu ateísmo. Uma demonstração de que a acusação de que a ciência faz o homem arrogante é falaciosa. De quebra ainda tem a melhor trucagem da carreira de Robert Zemeckis.

4. Narc - (2002, Joe Carnahan)

O futuro dos filmes policiais devia seguir os trilhos de Narc, uma trama envolvente e excitante com uma fotografia deslumbrante e uma edição de tirar o fôlego. Mas, não sei bem porque, quase em lugar nenhum eu vejo comentários sobre esse filme, todo mundo parece que esqueceu ou mesmo nunca viu. De qualquer maneira é uma pena porque é um filmaço!

5. Encarnação - (2004, Jonathan Glazer)

Um filme delicado e sensível que sofreu críticas moralistas por causa de uma única cena. A tal seqüência é o momento onde Nicole Kidman toma banho com o garotinho, acusada de fazer apologia à pedofilia, francamente! Tal sina se abateu sobre outro grande filme, Irreversível, um longa muito poderoso, mas que foi julgado por causa de uma cena, a do estupro.

É claro que muita gente não deu muita bandeira pro moralismo, e mesmo assim achou muitos defeitos em Encarnação. De minha parte só posso dizer que não vejo tantas falhas e até que gostei.

UPDATE: O Wally fez a gentileza de me informar que o nome do filme na verdade é Reencarnação, e não Encarnação, tsc, tsc Daniell... de quebra ele ainda lembrou da cena mais bonita do filme nos comentários.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

As 50 melhores sketches de humor

Não sei se alguém por aí se interessa por molhar as calças de tanto rir, eu, paradoxalmente, levo essa atividade muito a sério. Por isso, pra quem se interessar, eu recomendo este link, com as 50 melhores skethes de humor incluindo o impagável Monty Phyton, os nova iorquinos do Saturday Night Live e o grupo Kids in the Hall. Enjoy!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Awake - A vida por um fio

Depois de um longuíssimo período off, envolvendo vestibular para uma escola de cinema em Cuba e mudança de apartamento, cá estou eu de volta. Não dá pra falar de todos os filmes que vi nesse período porque estou apertadíssimo de trabalho, mas vamos ao último filme visto no cinema:

Justiça seja feita: Hayden Christensen é um péssimo ator, mas tem melhorado. Não tem um pingo de talento, mas sua trajetória no cinema tem sido melhor. E Terrence Howard, pra variar, rouba a cena novamente. Awake é um filme leve e divertido para o final de semana.

A história segue o jovem Clay Beresford, um bilionário na fila de transplante de coração. Ele ainda tem que driblar os ciúmes da mãe (Lena Olin) para ocultar o noivado com Sam Lockwood (Jéssica Alba), a secretária desta. Quando o bip avisando que um órgão está disponível para Clay, o rapaz ainda tem que enfrentar outro drama: está acordado durante a anestesia e descobre que seu médico e amigo (Terrence Howard) armou um plano para matá-lo.

Até certo ponto o roteiro de Joby Harold é muito eficiente. Não existem muitos diálogos expositivos e vemos as informações que precisamos saber onde elas sempre deveriam estar: nas ações dos personagens. Assim, a natureza do relacionamento entre Clay e Sam é mostrada aos poucos, e a interferência da mãe dele também.

Um outro ponto positivo são as cenas em que Clay, anestesiado, ‘interage’ com os outros personagens. Em nenhum momento ele aparece em uma cena que não fosse uma memória ou o ambiente onde seu corpo está realmente inserido, eliminando, dessa forma, uma possível irritante vertente espiritualista para a trama. E no momento onde essa vertente espiritualista ocorre, ela é sóbria e lógica.

Os pontos negativos ficam por conta das pistas e recompensas para o final surpresa, elas são fracas e não sustentam um clímax muito poderoso, deixando com que o espectador adivinhe o que vem em seguida. E considerando o começo do filme, imagino que o diretor desejava que o espectador inicialmente acreditasse na inocência do Dr. Jack Harper, mas se esse era o caso o trailer foi um fiasco total, já que no trailer somos apresentados ao plano do médico, sem cerimônias. Provavelmente Joby Harold raciocinou que teria uma surpresa ainda maior do que essa, errou. Além disso a tentativa de amarrar todas as pontas do roteiro entre si deixa a trama um pouco ‘forçada’.


terça-feira, 1 de abril de 2008

Filmes de Março


Taí um mês que não dá pra reclamar. Trinta e quatro filmes, uma média razoável, três filmes do Scorsese e dezoito filmes com no mínimo 4 luinhas. Realmente não dá pra reclamar, de quebra eu ainda consegui avançar bastante na lista da Bravo! dos 100 filmes essenciais. Estou tentando ver os que 45 dessa lista, que eu não tinha visto, até o final do ano.

Da listagem abaixo dou destaque para o inigualável O Pântano, filme argentino que me surpreendeu. Quando terminei de assistir eu até gostei, mas não tinha achado lá essas coisas, mas quando percebi que ele não saia da minha cabeça vi que se tratava de um filmaço realmente. Também acho que Sindicato de Ladrões é indispensável e Chega de Saudade é filme pra mais de metro! Filmes com asterisco são revisões.



A Primeira noite de um homem – ( M. Nichols, 1967 )*
Os Bons Companheiros - (M. Scorsese, 1990)
Sindicato de Ladrões - (E. Kazan, 1954)

O Orfanato - (J. A. Bayona, 2007)
Na Captura dos Friedmans - (A. Jarecki, 2003)
O Pântano - (L. Martel, 2001)
Crimes e Pecados – (W. Allen, 1989)
Chega de Saudade – (L. Bodanzky, 2008)
A Um Passo da Eternidade – (F. Zinnemann, 1953)



Alice não mora mais aqui - (M. Scorsese, 1974)
Jogos do Poder – (M. Nichols, 2007 )
Viagem a Darjeeling - (W. Anderson, 2007)
Superbad! É hoje - (G. Mottola, 2007)
Horton e o Mundo dos Quem - (J. Hayward, S. Martino, 2008)

A Vida Secreta das Palavras – (I. Coixet, 2005)
A Pele – (S. Shainberg, 2006)
Lady Vingança – (C. Park, 2005)
Caminhos Perigosos – (M. Scorsese, 1973)





A Vingança dos Nerds - (J. Kanew, 1984)
Minha Amada Imortal - (B. Rose, 1994) *
Invasão de Domicílio - (A. Minghela, 2006)

Ponto de Vista - (P. Travis, 2008)
Stardust - (M. Vaughn, 2007)
Valente - (N. Jordan, 2007)
As Crônicas de Spiderwick – (M. Waters, 2008)
Por trás das Câmeras – (C. Guest, 2006)
No Vale das Sombras – (P. Haggis, 2007)

Um Convidado Trapalhão – (B. Edwards, 1968)



O Franco-atirador - (M. Cimino, 1978 )
10.000 AC - (R. Emmerich, 2008)
A Loja Mágica de Brinquedos - (Z. Helm, 2007)



Rambo IV – (S, Stallone, 2008)
Em busca da Felicidade, (B, Isaacs, 2007)




Os Espartalhões – (J. Friedbarg, 2008)


Saldo: 9 idas ao cinema, 25 disquinhos no DVD e zero filminhos na TV. Filmes de Janeiro e Fevereiro, aqui e aqui, respectivamente.